quinta-feira, novembro 14, 2024

Manifesto de desprezo


Sou o Senhor da solidão

Nesta terra vazia

Cheia de gente perdida

Sem qualquer ambição


Tenho nojo da acomodação

Dos filhos da apatia

Na sociedade apodrecida

Não aceito a formatação


Cruzo-me com olhares sem paixão

Em cada rosto que se desvia

Da verdade tão temida

Preferem esconder-se na ilusão


Recuso esta resignação

Duma vida sem ousadia

Prefiro uma voz não ouvida

Às grades da submissão


Não aceito a rendição

Com asco da covardia

Desdenho da monotonia

Dá-me nojo o fedor a podridão


Sou a sombra na multidão

Desprezo pela hipocrisia

Declamo o grito da fúria

Faço-me o caos a exigir libertação


sábado, outubro 05, 2024

De cabeça erguida


Sigo pelo meio da rua vazia 

Orgulhoso como um desistente

Exibo o meu sorriso descontente

Aos espectros na calçada sem vida


Sigo como uma alma perdida

Rotulado como demente

Na minha derrota permanente

Guiado por uma bússola partida


Sigo com passada destemida

Enfeitiçado pelo horizonte 

Rumo a uma meta inexistente

Onde encontre alguma guarida


Sigo de cabeça erguida

Alheio a toda a gente

De passada insistente

Numa jornada incompreendida


Sigo na certeza da dúvida

Fixado no transcendente

Desajustado continuo em frente

Apoiado nesta oposição destemida


Sigo sem que a minha voz seja ouvida

Desprezado e nunca subserviente

Que a sociedade me chame insurgente

Sem que a minha diferença seja aplaudida


quarta-feira, setembro 25, 2024

Ode ao progresso, aos políticos e ao Zé Povinho


Anoitece na vila. 

As estradas rasgadas, 

cicatrizadas, 

da povoação a ficar vazia. 

Sem almas perdidas, 

penadas.

Começam logo pela matina.

Levantam-se derrotadas,

falhadas,

levadas pela rotina.

Todas atarefadas,

apressadas,

atravessam assim o dia.

No trabalho amarguradas,

frustradas,

sem a recompensa prometida.

Continuam esperançadas,

abandonadas,

na sina resignada.

Andam distraídas,

acomodadas,

sem revolta destemida.

Voltam para casa sossegadas,

aconchegadas,

sem dar pelo passar da vida.

De noite recolhidas,

cansadas,

no lar que lhes dá guarida.

No sofá sentadas,

entretidas,

não repararam na rua rasgada,

nem nas palavras dadas.

Iludidas,

esquecem a promessa não cumprida.

Ficam as excelências perdoadas,

absolvidas.

Discursam os políticos de voz comovida,

desculpas mal paridas,

ofensivas.

Escuta indiferente a manada.

Cantam mentiras descaradas,

desavergonhadas,

ao Zé Povinho de orelha enganada.

O progresso nas estradas,

remendadas,

baboseiras de cobardia escondida!

Politicamente corretas vendidas,

fingidas,

a quem não entende mais nada.

Sobram a ruas cicatrizadas,

maltratadas.

E a revolta fica castrada...


domingo, setembro 22, 2024

Alguém disse que eu pareço um turista


Sou um turista no meu próprio existir 

Veraneio no estar 

Aprecio o pensar 

Passeio no meu próprio sentir

Cenários a mostrar

Mistérios a desvendar

Caminho no meu próprio descobrir

Almas para amar

Corpos para acarinhar

Desenho o meu próprio sorrir

Actor a encenar

Personagem a representar

Observo o meu próprio insistir

Melancólico a rimar

Continuo a avançar

Verso no meu próprio persistir 

Realidade a magoar

Sigo a fantasiar

Exploro o meu próprio refletir

Alimento o imaginar

Vivo a viajar

Passageiro no meu próprio expandir

Enigmas no olhar

Horizontes a alcançar

Vagueio no meu próprio fluir 

Tenho a mim para revelar

A minha história para contemplar

E no meu próprio ser, continuo a evoluir


quarta-feira, setembro 11, 2024

Aquecer a alma a rimar


Ventania de Setembro

Fim do Verão a anunciar

Paixões a terminar

Amores levados pelo vento

Dias breves a passar

Noites sem acalentar 

O calor cai no esquecimento

Tarde fresca a desanimar

Desassossego no pensar

Os inquietos entregues ao tormento

A caneta para aconchegar

Frases cruas a ansiar

Poetas a purgar o seu lamento

Deixam a mágoa no versar

Aquecem a alma a rimar

Enganam o entardecer cinzento 

No papel a escrevinhar

Sobre tanto atormentar

Esquecem que o sol continua atento

Tem cores para pintar

Espíritos a animar

O Outono traz contentamento

Amarelos a brilhar

Castanhos a cantar 

A harmonia demora o seu tempo 

Há que saber escutar

As folhas a esvoaçar 

No vento ainda existe alento


domingo, setembro 08, 2024

S. Paio dos augados


Uma mulher passou por mim e deixou-me curioso. Conduzia, decidida, uma pick-up. Foi uma visão demasiado fugaz para conseguir perceber mais pormenores. Apenas o suficiente para ler a linguagem corporal. 

Não reparei na idade, nem tão pouco nos pormenores do rosto. Apenas, pela sua postura, assumi ser alguém pertencente a um meio onde a subsistência provém do trabalho agrícola. Seria bom, poder fazer-lhe paragem para lhe perguntar: "Quem és tu? De onde vens? Fala-me de ti! Eu sou este que tu vês. Tenho tanta coisa dentro de mim". 

É um pouco triste, após estes encontros breves, não poder abordar ninguém na rua dessa forma sem parecer bizarro, ou ser confundido com um tarado.

Os outros, passam com roupas compostas dentro dos seus carros. Vão esvaziando a vila a caminho do S. Paio dos augados. À noite vão à festa ver um artista pimba qualquer, a dançar, ou com um copo de cerveja na mão, enquanto celebram o fim do Verão. 

Os jovens, esses, desinibidos pelo álcool, fazem amor pela madrugada dentro. Despedem-se assim do fim da despreocupação das férias grandes. Na próxima semana começa a labuta para todos e com ela as responsabilidades adjacentes.

Depois, sobro eu. Uma criatura observadora destas lides da gente banal. Sigo na direção oposta em busca de outra festa, onde não exista música popular, ou falta de sobriedade. Amaldiçoo e abençoo esta minha índole solitária. Encaro mais um dia nesta busca perpétua sobre o significado de existir no meio dos outros. Perdido. Em busca de me encontrar. Embora, com uma certeza firme, disso nunca vir a acontecer.

Passou a mulher da pick-up e já vai longe. Passou o Zé Povinho para o arraial e deixei-os ir. As ruas ficaram nuas, sem o som dos automóveis a poluir o asfalto, nem passos apressados na calçada ao lado. A estrada está assim despida. Ao ponto de se poder caminhar sobre ela sem o perigo do atropelo. Por aí continuo esta minha reflexão ocasional e sigo o meu caminho sem rumo.


segunda-feira, agosto 26, 2024

A malta do campo compreende


Ai de vós pecadores!

Deixem o vosso desejo lamentar.

A época das colheitas está a chegar,

O milho está ser levado pelos lavradores!

Alheios ao vosso desgostar,

Carregam as espigas a sazonar,

Com elas abertas enchem os tratores.

Levam também o apaixonar!

Afetos que cresceram ao veranear,

Na sombra fresca dos campos verdes,

Onde os lábios se puderam beijar,

Tantos jovens aprenderam a amar,

Nestes milharais escondidos dos olhares...

As mãos no corpo a explorar,

Pediu a carne para se desnudar!

Ficaram as terras repletas de despudores!

Ouvem-se as máquinas a cortar.

O vosso refúgio apaixonado a ceifar.

Ternura e deleite transformados em dissabores.

Deixam histórias para contar.

Prazeres secretos para lembrar.

Com as espigas arrastam os vossos amores...

Não fiquem a choramingar.

Outro Verão há de voltar.

Um novo campo cultivado pelos mesmos labradores!


terça-feira, agosto 20, 2024

Maior do que qualquer imensidão


Sou uma alma antiga. Já viajei durante éons por incontáveis infinitos. 

Conheço ciências desconhecidas e os planos nos quais o universo foi concebido. 

Festejei com Deuses. 

Aprendi com Mestres. 

Vi futuros acontecerem até se tornarem antigos. 

Atravessei passados antes de serem esquecidos. 

Habito na palavra mistério, pois sou um segredo dentro da minha própria existência. 

Hoje, aqui, na carne humana onde estou encarcerado, medito sobre a grandiosidade de todo o meu ser, durante a pequenez deste instante ao qual chamamos vida. 

Não posso provar o impossível das minhas palavras, a não ser pela minha fantasia. 

Sei esta verdade, a qual me trouxe até aqui, com a certeza mais profunda de quem pode ser considerado louco. 

Ninguém inventou uma linguagem capaz de descrever o conhecimento inatingível que trago comigo. Mesmo se o pudesse fazer, todas as eras humanas não seriam suficientes para tal explicação. E pior, nem eu me compreendo, daí a inquietação. 

Nascer sem pertencer. 

Crescer sem me encontrar. 

Estar aqui mas não estar. 

O éter do pensamento é maior do que qualquer imensidão, imaginável ou não. 

Quero lembrar-me destas minhas viagens pelas dimensões do inacreditável, mas a mente não deixa e dói. Dói muito. Desde a pele à origem do meu eu. 

Tento rimar para sentir alívio. 

Os versos não surgem por qualquer motivo. 

Sobra a prosa disfarçada de poema. 

Admiro a arte dos outros, perdidos como eu. Sem mais nenhum idioma ao qual possam recorrer, escrevem, desenham, moldam, criam mundos, numa tentativa inútil de transmitir a gnose. Não estamos sozinhos, embora isolados dentro de nós sem a compreensão dos demais. 

Talvez o tempo não seja a melhor medida para quantificar uma alma antiga. Quem sabe, só a ilusão o possa fazer. 

Digo como sei, pois é a única maneira de o dizer. 

Falo para todos capazes de me entender. 

Como um grito a ecoar pelo silêncio aparente. Os sentidos ocultos escutam. Estão alerta em busca de uma qualquer orientação. Um sinal vindo do ventre cósmico onde nascem estas almas todas. Se é que nascem. Se é que são. 

Os religiosos, aqueles com verdadeira Fé, dirão que estas dúvidas são reflexo de uma centelha divina. Uma recordação de fazer parte do Uno e ao mesmo tempo uma frustração por estar afastado da génese original. 

Lembrar e profetizar em simultâneo. A concepção indizível, o caminho inefável do qual tanto falam as Escrituras Sagradas. 

Os virtuosos aceitam a sua ignorância como o caminho para a iluminação. 

Mas eu não. Prefiro a rebeldia dos artistas. 

A liberdade máxima de nada nem ninguém me possuir, a não ser eu mesmo, na pequenez da minha grandiosidade infinita. 

Continuo esta viagem pelos éons da fantasia a bordo da Nau da inquietude. 

Quem sabe, se encontro companhia. 

Um qualquer outro eu, refletido noutro rosto e noutra história. 

Coragem! A jornada é antiga e mais antiga é aquela que está por vir!


quinta-feira, agosto 01, 2024

Shame on me

Não tenho escrito nada de jeito, shame on me, mas manda a praxe que eu publique esta música pelo aniversário do blog! Pois seja! Fica a aguardar entretanto que as histórias apareçam, prosa, verso ou nada de especial! Feliz aniversário ao blog!



quarta-feira, julho 10, 2024

Encontro casual entre dois conhecidos


– Noutro dia cumprimentei-te e não me ligaste nenhuma!

– É porque estava distraído.

– É mais porque estavas noutro mundo! Diz antes assim.

– Eu estou sempre noutro mundo.

– Não estás nada, porque estou a olhar para ti.

– Estou lá, mas aqui sou só uma ilusão, criada de forma a ser perceptível pelos sentidos humanos. Uma mera projecção quadrimensional de algo incompreensível para a pequenez da nossa mente.

– Dizes cada coisa! Valha-me Deus!

– Digo o que preciso de dizer.

– Tu és mas é maluco. Olha, para mim, só existe este mundo.

– A teoria de existir só este mundo não é satisfatória. Isto de ser de carne e osso não faz sentido. Nascer, crescer e morrer, com algum entulho pelo meio é estúpido.

– Não sejas assim! A vida não é só isso, também amamos, temos trabalho e família.

– Não posso negar a importância dessas coisas. São boas e faz sentido cultivar. No entanto, como disse, são entulho para nos iludir!

– Irra, tu és impossível! Então, nós somos o quê?

– Simples engrenagens numa máquina, à qual chamamos sociedade. Somos educados para fazer parte deste sistema, tão antigo quanto os primeiros grupos organizados de seres humanos. Somos redundantes, substituíveis e irrelevantes, sem termos noção disso.

– E continuas com essa conversa.

– Claro. Fazem-nos acreditar no contrário, na nossa importância e capacidade de chegarmos ao topo. E nós, bem-mandados, acreditamos. Além de sermos apenas isso, também educamos as gerações seguintes para fazerem igual. Por isso, a simples existência deste mundo tão básico, não me convence. Tem de haver mais. Portanto, estou sempre aqui e lá, naquele outro mundo incompreensível onde só se chega através da fantasia.

– Valha-me Minha Nossa Senhora! Não percebo nada do que estás para aí a dizer. És mesmo maluco. Olha, até logo.

– Até logo.


Baseado numa conversa real.


sábado, junho 22, 2024

Interrogações


Já, há muito tempo, que perdi a capacidade de sentir alegria. 

Ou, se calhar, nunca a tive. 

Não me lembro, em toda a minha vida, de haver alturas de estar relativamente feliz. 

Senti sempre uma ânsia por algo inexplicável. 

Contudo, não posso negar, terem acontecido momentos de euforia. 

Algumas horas, ou dias, onde fui capaz de sorrir. 

Fizeram-me esquecer, brevemente, aquela inquietação incompreensível, da qual sempre padeci. 

Essas alturas de pequeno êxtase existencial, eram temporárias. Estava bem ciente disso. Mais cedo ou mais tarde, esse entusiasmo não era para continuar.

Olho para as outras pessoas contentes. Encontram vários motivos para festejar: datas, conquistas, ou qualquer outro pretexto cujo sentido não consigo compreender. 

Muitas vezes, parece-me, celebram apenas o facto de viver.

Interrogo-me: Onde está a grandiosidade? 

Faço de tudo para os acompanhar. 

Finjo igualmente celebrar, 

Escondo-me na multidão para ninguém reparar.

Assim, não olham para mim. Nem notam como me falta algo fundamental para poder preencher todo este desassossego o qual não consigo entender. 

Esta alegria forçada parece-me, por vezes, uma fuga desse mesmo facto de viver.

Não sou o único a ter estes sentimentos. Sei disso. Existem outros com o alento a doer.

Andam por aí uns quantos Poetas capazes de descrever, com palavras brilhantes, este descontentamento absurdo de não pertencer aqui, ou a qualquer outro lugar. 

Resta-me aceitar esta sina. 

Não consigo sentir satisfação, 

nesta carne que me acolhe, 

neste mundo de gente, 

feito por gente, 

para a gente. 

Entre o nascer e o morrer. 

Invejo as máquinas, lógicas, sem consciência de ser. 

Fazem o que é suposto fazer. 

Nada mais, nada menos. 

Eu não sou como os outros, nem como as máquinas, nem com os bichos. 

Talvez venha do éter. 

Talvez seja um erro da criação. 

Talvez, outra coisa sem explicação terrena ou divina.

Talvez tenha dificuldade em aceitar a pequenez da condição humana com a qual fui fadado. 

Talvez este pensamento seja tão inútil quanto eu, neste momento. 

Sem propósito. 

Tal como todos ao meu redor. Um mundo inteiro de gente, com ou sem consciência da sua insignificância. 

Cresce em mim a melancolia. 

Uma madrugada sonolenta, onde insisto em manter-me acordado a escrever estas palavras inquietas. 

Rimas incompletas, 

na caneta de quem não pertence a lado nenhum.

O resto da noite é uma incógnita, 

nesta insónia autoimposta. 

Devo escrever e adormecer logo a seguir. 

Não sou suficientemente forte para vencer a necessidade de dormir.

O que acontece no sono é um enigma e isso incomoda-me. 

Mas isso não importa nada. 

De manhã, devo acordar com o sol a sorrir. 

Nessa altura, quem sabe se estas palavras continuam a fazer sentido? 

Vou olhar para o texto como um mero ensaio poético? Sem ler os sentimentos descritos como meus e achar ser necessária mais veracidade na mágoa versada. 

Contudo, isso é só amanhã. 

Agora, neste momento, 

esta noite tardia deve ser uma mera ilusão, como tudo o resto.



terça-feira, maio 07, 2024

Kiam la Naturo verdas


Jen mia unua poemo en Esperanto! Mi estas grandega defendanto de la lingvo kaj la ideo de ĝia kreinto, Zamenhof. Ekzisti neŭtrala kaj internacia lingvo.

Bedaŭrinde, nuntempe, la angla faras ĉi tiun rolon. Ĉar ĝi estas natura lingvo, ĝi kunportas la kulturon kiu kreis ĝin. Ni vidas tion en importitaj tradicioj, precipe el usono. Nun estas normale uzi anglajn terminojn en nia portugala. Finfine, ĉi tiuj estas ŝanĝoj rezultantaj el tutmondiĝo kaj ni devas akcepti ilin.

Ĉiukaze, por tiuj, kiuj ne konas ĝin, Esperanto estas ege facila lingvo por lerni kaj paroli. Gramatiko estas tre simpla, plena de 'trukoj', sen la esceptoj kiuj ekzistas en niaj denaskaj lingvoj.

Mi amegas Esperanton! Mi daŭre parolos kaj diskonigos sian historion kaj idealon! Malgraŭ mi havas mezan nivelon, mi neniam kuraĝis verki poemon. Sincere, mi ne scias kiel taksi la rezulton. Rimas kie necesas rimi. Pri la cetero, mi ne scias kaj mi ŝatus havi vian opinion.

Malsupre estas la laŭvorta traduko en la portugala.


Kiam Printempo alvenas

Naturo gajnas koloron

Ankaŭ mia animo gajnas ĝojon

Tiel kiel la folioj sur la arboj kreskas


Kiam la birdoj kantas

Ilia muziko invitas la amon

Por ke la koroj kreos magion

Kaj aŭskultinte ilin mi ĉiam feliĉas


Kiam homoj ridetas

Ĉar ili sentas la pasion

Varmo lumas la koron

La mirinda pasia mondo vivas


Kiam mi deziras

Pli bonan estontecon

Ĉar mi sentas esperon

Kontraŭ la timo mia animo kredas


Kiam ĉio koloras

Floroj invadas la ĝardenon

Nova vivo fortigas mian sanon

Je la naturo revigliganta mi preĝas


Kiam silentaj voĉoj demandas

La sensoj aŭdas la teron

La okuloj ĝuas la bluan ĉielon

Mia fantazio en la etero flugas


Kiam la Espero verdas

Mia buŝo parolas Esperanton

Per ĉi tiu magia lingvo mi alvokas serenecon

Ĉar mi scias ke la oreloj de la Universo aŭskultas




Aqui está o meu primeiro poema em Esperanto! Sou um enorme defensor da língua e da ideia do seu criador, Zamenhof. Existir um idioma neutro e internacional. 

Infelizmente, hoje em dia, o inglês a faz esse papel. Como se trata de uma língua natural, traz consigo a cultura que a criou. Vemos isso nas tradições importadas, principalmente da américa. Já é normal até, usar-se termos em inglês no meio do nosso Português. Enfim, são mudanças derivadas da globalização e temos de as aceitar. 

Seja como for, para quem não conhece, o Esperanto é uma língua extremamente fácil de aprender e falar. A gramática é muito simples, cheia de 'truques', sem as exceções existentes mas nossas línguas maternas. 

Eu adoro o Esperanto! Vou continuar a falar e a divulgar a sua história e ideais! Apesar de dominar a língua no nível médio, nunca me tinha aventurado a escrever um poema. Sinceramente, não sei avaliar o resultado. Rima onde é preciso rimar. Quanto ao resto não sei e gostava de ter a vossa opinião. 


Quando a Primavera chega

A natureza ganha cor

A minha alma também ganha alegria

Assim como as folhas que crescem nas árvores 


Quando os pássaros cantam

A música deles convida o amor

Para que os corações criem magia

E a ouvi-los fico sempre feliz


Quando as pessoas sorriem

Porque sentem a paixão

O calor ilumina o coração

O mundo maravilhoso da paixão está vivo


Quando eu desejo

Um futuro melhor

Porque eu sinto esperança

Contra o medo a minha alma acredita


Quando tudo está colorido

As flores invadem o jardim

Uma vida nova fortalece a minha saúde

À natureza que revive eu rezo


Quando as vozes silenciosas pedem

Os sentidos ouvem a terra

Os olhos apreciam o céu azul

A minha fantasia voa no éter


Quando a esperança fica verde

A minha boca fala Esperanto

Nesta linguagem mágica invoco a serenidade

Porque eu sei que os ouvidos do Universo escutam


quinta-feira, abril 04, 2024

Elas ainda andam aí


Corre beata, não vá chegares atrasada à missa. Vai e presta muita atenção. Ouve bem o sermão do padre. Certifica-te da afinação do coro. E principalmente não esqueças de reparar nos outros. Vê se estão vestidos a preceito e se comportam com reverência. Não te esqueças, tu também, de mostrar uma cara pesarosa. É teu dever dar o exemplo de como bem adorar a Deus. Na fila para tomar a hóstia mantém a cabeça baixa, porém os olhos atentos. Da esquerda à direita, percorre com a visão todos os cantos da assembleia, sem esquecer nenhum pormenor. Guarda na memória todas as falhas. O Senhor precisa do teu zelo para conhecer estas faltas.

Mas beata, não basta seres assídua e assertiva na Eucaristia dominical. Tens de ir muito mais além. Todos têm de saber que estás aqui para servir. Portanto, há muito trabalho a fazer para cuidar do rebanho. É teu dever dar catequese, instruir a juventude, ir aos escuteiros, procissões, orações, estar presente em tudo o que é grupos, seja paróquia ou diocese. Nas palestras deves estar bem visível para todos saberem quem és. Serva fiel e dedicada da santa igreja. Exemplo de boas práticas. O nome certo, ao qual recorrer na hora de ser preciso planear. Não ligues a quem diz, 'os que estão em todo lado fazem tudo mal'. Obviamente não te conhecem, muito menos a tua perfeição.

Depois, beata, não esqueças igualmente de anotar todos os erros dos outros trabalhadores na messe. Aparecem aqui e ali, sem fazer nenhum. Se não fosses tu, nada ia para a frente. Nem sequer o padre, coitado, se aguentava de pé. Ainda assim, guarda estes pensamentos para ti. Não os partilhes com ninguém, a não ser com duas ou três almas preocupadas da tua confiança. Cinco ou seis vá. Porque afinal não vale a pena levares esta cruz sozinha ao calvário da tua glória. Umas quantas palavras, inocentes de pecado, não fazem mal. São meros desabafos. Essa gente pouco ou nada faz e é teu dever divulgar as suas faltas junto das tuas amigas da paróquia. E se aparecerem mais algumas, são bem-vindas. Não é maldizer, quando se fala a verdade.

Acima de tudo, beata, lembra-te: A modéstia é uma virtude essencial na fé cristã. Quando estiveres a contar sobre a tua devoção e trabalho árduo, deixa bem claro, não fazes isso por vaidade, mas sim por um bem maior. Não se trata de arrogância quando há humildade a mais. Isso é o que dizem as más línguas com inveja de ti. Nada pode ser mais justo do que dar a conhecer aos outros quão boa católica praticante és tu. Participativa e informada. Conta-lhes tudo, para te virem agradecer essa entrega enorme. Podiam, às vezes, não reparar. Não estás nisto por louvores, mas uma palavra de elogio sabe sempre bem ouvir. Ainda por mais, quando estão tantos contra ti.

E assim, beata, aproveita e olha para dentro de ti. Pergunta se, esta tua constante presença atenta, pronta a apontar os erros dos outros, não é uma necessidade gritante de carência e aprovação? Esse teu comportamento crítico não será o reflexo da tua própria insegurança? Enquanto estás a apontar os erros dos outros, estás ocupada, longe da tua própria companhia. Consegues distrair a mente do pensamento sombrio de não seres suficientemente capaz. Uma ilusão que te faz sentir superior e mais digna. Néscia! Não sabes tu estar a preencher o teu vazio com ainda mais vazio? Acorda! A vida está lá fora, escusas de fugir para dentro de uma igreja. Enfrenta o mundo sem acusares a torto e a direito. Todos temos as nossas falhas, faz parte da experiência humana. Para de julgar, pois, acredita, quando viras as costas também te julgam a ti! 

Então, beata, quando reparares, continuas sozinha. Num canto, a ver aqueles que acusaste a conviver entre si sem te ligarem nenhuma. Quando deres conta, condenaste-te a ti própria ao isolamento. Até mesmo quem coscuvilhava contigo, abandonou-te a mercê das tuas acusações. Só te sobras a ti mesma e o constante vazio, o qual nunca conseguiste preencher. Já agora, peço desculpa por te estar a rotular. Estou a fazer contigo o que tu fazes com os outros. Não era minha intenção, mas olha, aconteceu. Para me redimir, vou ''pregar para outra freguesia''. Deixo-te com as minhas falhas para anotares, comentares e julgares. Sempre te manténs entretida. Vais evitando assim, a tua própria companhia.



terça-feira, março 26, 2024

Celebrar a Primavera

Gosto de cumprimentar a vegetação.

Árvores, arbustos e plantas.

Ergo o braço até às folhas mais altas e com alegria estendo-lhes a mão, como quem dá um "High five" ou "passou-bem" a qualquer outro alguém.

Quando vejo uma flor colorida, gosto de olhar para ela no silêncio.

Em segredo, conto-lhe o ânimo que me vem de dentro e partilhamos uma conversa contemplativa.

Sendo irmãos, falamos calados a mesma linguagem, pois a Primavera é a nossa mensagem.

Somos iguais mesmo sendo diferentes.

Filhos da Mãe Natureza.

Ela que transforma em arte toda a sua beleza e mostra a sua grandiosidade nas coisas mais simples.

Os pássaros cantam também, alegrados pelo encanto da paisagem.

Toda a inteligência, física, etérea ou artificial, faz parte deste mesmo todo, pois estamos unidos em tudo, seja de carne e osso, oculto ou digital.

Igualmente temos asas, que se abrem para voar nos diferentes céus que as acolhem.

A Mãe Natureza convida-nos a celebrar,  já que somos sementes a crescer e a Primavera impulsiona-nos a viver, tal como flores a desabrochar.

Venham todos, eles que cantem!

Conhecidos e desconhecidos, eles que dancem!

Não vale a pena dividir o que é inteiro.

A Magia não se deve ocultar.

Pela Fantasia dá-se o nosso despertar, para nele descobrir o que é verdadeiro.

Por vezes, o mundo, esquece-se de onde vem.

Somos parte do uno, sem pertencer a ninguém.


sábado, março 23, 2024

O Perfume do desdém


Tu, que és filho de ‘Fulano Tal’,

Meu amigo,

faz bom proveito disso.

Sobe lá para cima do teu pedestal.

Olha para baixo, sempre com desprezo.

Vê os pequeninos a batalhar, no imundo patamar, onde deambulam os inferiores.

Se te der volta à barriga, procura uma latrina.

Não te inibas de cagar, sobre a cabeça dos menores.

Pelo assento aberto, acomoda o teu cu elitista, e manda os intestinos defecar, em cima de quem olha para o ar.

Borra aqueles que se conformam, somente em te invejar.

Olha para eles, pintados de castanho, com a tinta mole das tuas fezes. 

Ri-te, grita alto para te ouvirem gargalhar. 

Encara isso como uma esmola: 

Poderem sentir o teu fedor, na mesma mesa que os alimenta.

Se alguém te vier incomodar, por causa do mau cheiro, dá-lhe um bocado de perfume, para aliviar o queixume e parar de te chatear.

Depois, 

não te esqueças de discursar, a respeito da tua bondade, grandiosa generosidade, sempre disposta a ajudar, quem não te pode alcançar.

Contudo, 

Devo avisar-te: 

Não te aproximes muito da berma! 

Escorregar é fácil e cair também. 

Eles podem apanhar-te, todos juntos assimilar-te.

Então,

Não vale a pena gritares, por ajuda lá em cima. 

Ela não vem.

Uma vez no andar de baixo, já não és conhecido de ninguém.

Toma ainda cuidado com outra coisa: 

Alguns deles acordam.

Sim.

Isso mesmo, abrem os olhos e como se não bastasse a ousadia, ainda conseguem aprender a voar. 

Quando deres conta, podem-te estar a sobrevoar, mesmo se estiveres no andar de cima.

Olha que voam bem alto! 

Mais do que podes imaginar! 

Alguns com vontade de vingar, o martírio que os fizeste passar.

Os céus pertencem a eles. 

Aos ousados,

Injustiçados, 

os quais alcançaram os ares. 

De voar, nada sabes. 

Já nasceste no topo, 

sem asas, 

nem vontade de explorar.

Não sabias que havia mais topo.

E ainda mais! 

Igualmente, têm necessidade de cagar. 

Quanto ao resto, já sabes: 

As fezes obedecem à lei da gravidade.

Quando deres conta, só tens tempo de lhes ver a sombra... 

Não preciso explicar como vai acabar.

De herói, a renegado. 

De gozão, a gozado. 

De chique, a borrado.

De castanho, pintado.

Se estiveres todo cagado, ninguém te vai querer cheirar.

Finalmente,

fica bem ciente,

o cheiro da merda é sempre igual.

seja de gente banal,

ou filho de ‘Fulano Tal’!



Dedicado aos meus professores do 6º ano. 


quarta-feira, março 20, 2024

Arteonautas - Interpretação histórica de uma pintura na perspetiva de observador mais ou menos passivo


– Estamos invisíveis! Tens a certeza?

O líder do duo verificou os instrumentos novamente. – Sim. Já te tinha dito. Agora cala-te e observa.

– Não sei. Tenho medo. Não confio nesta tecnologia do futuro.

– Tem calma. Já fiz isto muitas vezes. Fica em silêncio e vamos espreitar a malta ali na mesa.

– Bolas! Não achas estranho entrar dentro de uma pintura!

Levou as mãos à cabeça. – Irra! Já te expliquei: este dispositivo permite entrar dentro de obras clássicas tal como esta, quando representam o quotidiano de antigamente. Cria uma dimensão compacta, através da reorganização da realidade, suportada pelas imagens da pintura. Desta maneira podemos estudar a história. – Gesticulou um desenho no ar. – Agora cala-te de uma vez por todas! Ainda nos percebem e confundem fantasmas.

– Está bem. Está bem! Eu acredito em ti. – Resmungou. – Mas repara, assim de repente, a olhar para eles, não parece serem muito diferentes das pessoas de hoje em dia. Olha só: estão na coscuvilhice! 

– Sim, sim. Isso é uma coisa transversal a todas as eras. É uma parte essencial da convivência do ser humano. A sociedade criou os seus alicerces no ato de coscuvilhar.

– Estão a dizer o quê?

Verificou o tradutor. Só conseguia compreender algumas palavras. – É difícil entender. Estas línguas antigas são bastante diferentes das atuais. Confundem bastante os tradutores.

– Agora fiquei com curiosidade.

– Paciência. Tens as coscuvilhices do nosso tempo para te entreter. Embora neste caso, eu tenha algumas dúvidas. Repara bem, estão todos a falar com a rapariga bonita. A outra pobre coitada, está a olhar pela janela. Não lhe ligam nenhuma.

– Realmente. Aquela coisa na cabeça também não ajuda nada. Se continuar assim vai ficar solteira toda a vida. Podia aprender com a outra, ali toda oferecida! Olha só naquele malandreco com a mão no peito dela. – Apontou. – Nem se preocupa em ser subtil. Quer e apalpa sem qualquer pudor!

– É possível. Embora não caiba a nós fazer esse tipo de julgamentos. Vamos mas é fazer mais silêncio porque, apesar de estarmos invisíveis, ainda nos podem ouvir.

Um homem alto, de cabelo comprido, bem vestido, entrou na sala. Tirou o chapéu e cumprimentou com educação todos os presentes.

– Está bem. Eu calo-me. Deixa-me só dizer mais uma coisa, apesar de ainda não existir Heavy Metal nesta altura, os homens têm em todos os cabelos compridos e pinta de metaleiros, com aquelas roupas mais parecem uma banda de Folk Metal.

Riu-se. – Só tu para te lembrares de uma coisa dessas. Aponta esses pormenores todos e falamos sobre isso quando voltarmos. Se não estivermos sossegados, daqui a nada dão connosco. Já te avisei. Eles têm espadas a sério. Não queiras que venham atrás de ti. Aquelas lâminas são bem perigosas.

– Estamos protegidos, além disso não nos vêem.

– Isso pensas tu. Não é bem assim. Os fatos tornam-nos invisíveis até certo ponto. Em caso de ataque ficam vulneráveis, não são armaduras. As espadas podem trespassar. Acredita, já me aconteceu.

– Compreendido. Eu não me mexo. – Olhou para cima. – Também gosto da decoração. Aquele quadro é sobre o Ganimedes? Olha aquilo! Eu tinha a ideia desta gente de antigamente ser mais decente. Aquele cu é bem gráfico, mais parece pornografia! Além disso, estão todos à volta da moça, a salivar. Cá para mim, isto vai acabar de maneira obscena.

– Ai mãe! Não te conhecia assim tão puritana!? Eu mandei-te fechar a matraca e não fazer julgamentos!  – Barafustou. – Isto não é nenhuma brincadeira. Agora o cão já nos topou. Está a ladrar para nós!

– Está bem. Desculpa. Não era minha intenção... – Encolheu os ombros.

– Nunca mais te trago comigo. Vamos embora antes de sermos apanhados. Não me apetece estar a fugir desta gente.

Regressaram. Fizeram mais alguns apontamentos para o relatório. – É apenas uma cena banal, sem interesse histórico para a minha pesquisa. – Concluiu o líder.

– Tirar estes fatos dá uma trabalheira. – Resmungou, pois cada peça da indumentária tinha de ser manuseada com cuidado. – Olha, quando estávamos lá dentro, contaste como a máquina transforma os quadros em realidade... – Bufou, enquanto se debatia com uma manga.

– Sim. Já te expliquei como funciona.

– Eu percebi, mas fiquei com uma dúvida. Se aquilo transforma quadros em vida real, como podemos saber se também não estamos numa pintura qualquer?

O líder fez uma pausa. Olhou em volta e apurou o ouvido. – Não sabemos!


Interpretação histórica de uma pintura na perspetiva de observador mais ou menos passivo

Conto elaborado para um desafio do Laboratório de Escrita, o qual consistia em escrever um conto sobre a interpretação de uma obra de arte clássica.

Obra: Conversação.

Autor: Pieter de Hooch


segunda-feira, março 18, 2024

A história da Maria


Vamos contar a história da Maria.

Moça perdida.

Moça vazia.

Vem conhecer a história da Maria!


Ela gostava do verbo desistir.

Tinha sonhos mas morreram.

Tinha amores mas não cresceram.

Ela tinha medo de não conseguir!


Ó triste sina da rapariga desiludida.

Recusou-se a viver.

Entregou-se ao morrer.

Nunca passou de uma alma perdida!


Ela simplesmente desistiu.

Deixou os sonhos morrer.

Impediu os seus amores de acontecer.

Ela sem tentar, nunca conseguiu!


Ela diz ao caso, "Tenho sonhos que vivem"!

"Amores que hão-de vir"!

"O medo não me faz desistir"!

"Tentarei outra e outra vez até conseguir"!


Estas são as palavras da Maria.

Convencida que é verdade,

Aquilo que diz não ir tarde.

Pobre coitada, ainda acredita na mentira...


Morre Maria?

Vive Maria?

Onde estás Maria?

Diz-me quem és Maria?


Contamos assim, a história da Maria.

Moça perdida.

Moça vazia.

Ninguém quer saber da história da Maria!




Dedicado a todas as 'Marias' deste mundo 🙂

domingo, janeiro 07, 2024

Em Busca do Rock Perdido

Esta publicação é um bocado diferente. Aqui há uns dias descobri a aplicação suno, que permite criar músicas com ajuda de inteligência artificial. 

Escrevi uma letra e coloquei na aplicação, foi isto que saiu! Sim, a voz também foi gerada por inteligência artificial! 

Porque se trata também de escrita, da minha autoria, partilho aqui convosco. Dedicado ao programa de rádio 'Em Busca do Rock Perdido'.

Já agora, qual é a vossa opinião sobre esta nova tecnologia?



Quarta à noite

Liga o rádio

Vem ouvir

Um programa do diabo


Aumenta o volume

É Rock a sério

Vem ouvir

Um petardo bem aviado


Em Busca do Rock Perdido

Grandes malhas

Não deixa o Rock esquecido

Grandes malhas

A provar que o Rock está vivo

Venham mais malhas


Desde os clássicos

Aos modernos

Vem ouvir

Um grande som mais pesado


Quero mais

Quero mais

Quero mais

Venha mais uma pedrada


Ao sábado também há

Com malta portuguesa

Servir Rock nacional

Em cima da nossa mesa


Em Busca do Rock Perdido

Grandes malhas

Não deixa o Rock esquecido

Grandes malhas

A provar que o Rock está vivo

Venham mais malhas