sábado, fevereiro 25, 2012

CRENÇAS FURIOSAS


Quero presentear-te por aquilo que existe em ti…
Talvez com um vestido branco, imaculado, pela tua inocência e simplicidade. Pela tua ânsia de mostrar que existe bem no mundo, mesmo que te rodeiem com caos. Pelo teu sorriso sereno e cativante. Pela luz que erradias quando as trevas teimam em vencer. Pelo teu toque quente no frio da tristeza.
Mas essa és tu para outros. Pelos desejos que existem em ti, escondidos no teu íntimo, talvez te presenteie com um vestido negro. Pela vontade que tens em experimentar o pecado. Pelos sentimentos secretos que tanto medo te dão, mas que tanta atracção têm em ti. Pela feiticeira nefasta que és na tua fantasia e contra quem lutas para que não fuja cá para fora.
Mas… O ideal é presentear-te com a tua nudez. Para que te exponhas como és. Anjo irrepreensível e demónio voraz. Duas forças opostas em luta constante. Duas crenças furiosas que tentam tomar conta de ti. Tantos sentimentos inflamados num só corpo de mulher!


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sábado, fevereiro 18, 2012

VIAJANTE SEM DESTINO



Escapei da realidade. Não como foragido. Simplesmente abri uma porta e fui visitar outros mundos. Fui mais como um turista que gosta de viajar.
De vez em quando trago alguém comigo nestas viagens para outras existências. Acompanham-me e encontram comigo algo que não encontram por estes lados. Partilhamos aventuras e conhecimentos, para mais tarde recordarmos com um brilho nos olhos.
Outros há que convido para vir comigo. Mas dizem que a realidade é uma prisão, rodeada de enormes muralhas feitas de amargura. Por mais que lhes diga que nos podemos ausentar, não acreditam. Refugiam-se em lágrimas que lhes aconchegam o desespero. Nada posso fazer… Deixa-os estar. Sigo eu o meu caminho.
E vou então, como um viajante sem destino abastecer-me de emoções para lá do que é real. Trago tanto comigo. Volto pela mesma estada que segui, cheio de sonhos poderosos. Com o sorriso que só aqueles que não têm medo de ousar possuem. 
E aqueles que acham que me podem criticar, tentar demover, ou simplesmente dizer que não sou capaz. Cubram a vossa cara de vergonha, pois são vocês que não são capazes. Vêem muralhas onde deviam ver estradas, vêem grilhões onde deviam ver asas, vêem medo onde deviam ver felicidade. Essa é a essência de quem nasce apenas para existir. São nada!
E se mesmo assim me condenarem por sonhar. Me apelidarem de louco, porque o mundo não foi feito para fantasias. Olho-vos com desdém, pois não contentes por ser nada, querem ser parasitas e sugar a essência dos audazes. A mim não me impedem. Há demasiada força em mim.
Quanto aos meus sonhos serem loucura… A solução é fácil: Basta fundi-los com a realidade em meu redor!


sábado, fevereiro 11, 2012

COMPLEXIDADE



Quando adormeço não obedeço às leis do mundo. Sou como um viajante que não conhece distancias nem horizontes. Fundo-me com a própria criação e torno-me também eu cosmos e infinito.
Nesse tempo de devaneio já não sei se sou eu. Às vezes creio que sou tudo e que este acordado não sou eu, apenas uma peça de um puzzle complexo que não consigo descrever por palavras.
Não sei se os meus sonhos são outro universo, ou, se os meus sonhos são um veiculo para viajar entre incontáveis infinitos. Mas quando os visito (ou eles me visitam a mim) tudo me é revelado, numa complexidade genialmente simples.

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sábado, fevereiro 04, 2012

PERCORRI OS CORREDORES



Entrei na tua alma em busca da luz que ela guarda. Abri todas as portas, como se não tivessem fechaduras. E tu que as tinhas trancado tão bem, com milhares de chaves pesadas e ficaste segura que nunca iria ali ninguém.
Percorri os corredores do teu íntimo, que construíste como um labirinto sem fim. Até tu mesma te esqueceste das direcções. Mas eu atravessei-os como se fossem um caminho a direito, desde o mundo até ti.
Despi a tua essência, que tinhas coberto com outras vidas e desejos que não são teus. Não me importei que me tentasses impedir, mas eu queria que te mostrasses como és. Livre da penumbra em que te tinhas escondido, com medo de seres quem és, daquilo em que acreditas.
Deixei-te assim, coberta pelo manto de sonhos que te habitam, entregue aos anseios que te esperam cá fora, irradiando o brilho que a vida te dá.

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