sábado, novembro 23, 2013

MIL SENTIMENTOS JUNTOS


Refugiei-me no poema
Em busca de uma certeza
Ou de um aconchego talvez
Deixei-me ir pelas palavras
Mas rimas não encontrei
“Poeta não sou”, concluí
Continuei no entanto
Algo havia de surgir 
Entre os escritos que vinham
Ou se calavam 
Será isto um desabafo
Uma oração
Inquietação
Ou uma perca de tempo
É uma incerteza
Um grito furioso
Um gesto carinhoso
Mil sentimentos juntos
Mil vozes que não consigo calar
Mil eus numa só vida
Mil forças inabaláveis


sábado, novembro 16, 2013

NUNCA É TARDE


Nunca é tarde para começar uma aventura.
Nunca é tarde para aprender coisas novas.
Nunca é tarde para descobrir as maravilhas do mundo tal como uma criança inocente.
Nunca é tarde para se ser jovem, ainda que as rugas no rosto e a energia que se gasta acusem o passar dos anos.
Nunca é tarde para amar sem limites, com promessas tontas e romantismos poéticos.
Nunca é tarde para fazer a diferença no mundo, no teu, no meu, no de todos. Mesmo que milhões de forças digam que não.
Nunca é tarde para brincadeiras e loucuras desvairadas que geram gargalhadas e boas histórias para contar.
Nunca é tarde para te recriares, renasceres e transformares.
Nunca é tarde para sentires! Ódio, raiva, tristeza, emoção, glória, conquistas e apoteoses!
Nunca é tarde se a tua mente vibra, anseia e ferve de desejo de viver!


sábado, novembro 09, 2013

PORTAS DA FANTASIA


A chuva que caia lá fora fez com que se recolhesse ao conforto dos seus aposentos. Sentado na poltrona deixou-se tomar pelo calor que provinha da sala. As suas pálpebras começaram a cair. O corpo foi ficando relaxado e o sono não tardou em chegar.
Foi assim que entrou de mansinho no mundo dos sonhos. Atravessou as portas da fantasia pairando no seu voo pelo imprevisível. Conhecia bem aquela sensação em que a voz de Morpheus o atraía, ao mesmo tempo que lhe sussurrava segredos encantados sobre o universo.
Aquele era o seu verdadeiro refúgio. Nas profundezas do adormecer, nos mistérios da sua própria mente embalada por magia. Perdido algures por entre os mundos infinitos que se escondem no seu sono ele encontra-se a ele mesmo. Já não é um simples individuo. Torna-se num ser encantado sem limites nem fronteiras, sem tempo ou medos, onde tudo se transforma em descoberta.
Então chegou o acordar. Os seus olhos abriram-se trazendo-o de volta ao nosso mundo. Um breve momento de confusão prendeu-o entre as duas realidades. Queria ficar onde estava, entre os sonhos, mas não teve outra opção senão despertar. Tinha de ser. Tinha a certeza que em breve ia voltar. Aliás, aquele seria sempre o seu refúgio, para onde voltaria vezes sem conta sem que os outros o soubessem. 
No entanto, por agora era altura de acordar. Sabia que tinha em si conhecimentos que o engrandeciam e uma vontade indomável de viver…


sábado, novembro 02, 2013

MUITAS PERGUNTAS


– Acredito no dia de hoje. – Respondi.
– Viver como se não houvesse amanhã? – Perguntou.
– Nada disso. Pelo contrário. Viver todos os dias de forma a plantar um amanhã melhor. Preenchido com histórias, aventuras, sabedoria, magia… Livre das amarras da banalidade.
Riu-se. – Parece palavreado de um livro de auto-ajuda.
– Agora que falas nisso, suponho que sim. – Ri-me também. – Mas não me importo, é nisso que acredito.
– Acreditas em magia? – Perguntou. Os seus olhos adquiriram um brilho cristalino. Típico de quem fica empolgado perante uma aventura.
– Estás a fazer muitas perguntas hoje. – Disse em tom de gozo.
– E tu não respondeste. Acreditas ou não?
– Sim. Acredito. – Respondi desviando o rosto na direcção do céu e observei as nuvens primaveris. A sua beleza parecia saída de uma pintura.
Creio que percebeu que respondi de forma evasiva. Talvez devido a isso esperou um pouco antes de voltar a falar. Possivelmente para avaliar o que ia dizer a seguir. Sabia que não me devia pressionar. Detesto isso. Deu mais um gole na bebida e chegou-se ao pé de mim sussurrando, como se contasse um segredo:
– Sabes, às vezes acho que és um ser mágico…
Respondi-lhe com um sorriso. Creio que compreendeu o meu silêncio. Os seus olhos brilharam ainda mais e as suas bochechas adquiriram um tom avermelhado. Levou novamente o copo à boca numa tentativa vã de esconder o rosto. Corou. Mas não foi de vergonha. Acho que foi de orgulho de ter tido a coragem de me dizer aquilo.
Senti que devia dar-lhe uma recompensa pela sua audácia. Por isso disse-lhe:
– Todos somos mágicos. A maior parte de nós não sabe, nem acredita nisso, mas é verdade. Todos temos magia. Basta perder algum tempo a procurar por ela…
– E como podemos procurar por ela? – Aparentemente as minhas palavras soaram-lhe a frases feitas e pareceu sentir algum desapontamento.
– Essa é a pergunta que todos fazem. – Respondi, fugindo um pouco ao assunto.
 É a pergunta que tem mais lógica. Como podemos encontrar a magia que há em nós?
Reparei no seu rosto curioso e senti uma divisão em mim. A resposta é tão simples que a maior parte das pessoas acha-a ridícula e pura e simplesmente não acredita. Fiquei a ponderar se lhe dizia ou não…