quarta-feira, agosto 31, 2005

O FIM



É a sorrir que oiço o som melancólico deste piano
É como um convite a lançar-me neste frio e negro abismo
Uma voz sem palavras que me impele para o fundo
Provo as lágrimas de sangue salgadas que caem no meu rosto
Abro as minhas asas impotentes ante este abismo
Chegou a altura de me lançar
Esqueço o medo, pois ele nunca existiu
Limito-me a sorrir perante o meu fim

Afinal
O fim é apenas o princípio



domingo, agosto 28, 2005

E SE...?



E se um dia eu dissesse adeus?
Abdicasse de ideais
E me entregasse aquilo que desprezo
Esquecesse a hipocrisia à minha volta
Neste mundo pútrido que me rodeia

Riscasse a palavra amor do meu dicionário
Deixasse para trás a inocência que me resta
Destruindo o mais ténue sorriso
E levantasse alto uma bandeira negra
Anunciando a beleza da morte

Seria algo belo
Todos os seres malditos deste mundo
Erguerem-se das trevas em que se escondem
Unidos num só e único exército
Feito de ódio e agonia

Rios de sangue inocente
Brotassem da terra infértil
Arrastando-se por entre as montanhas de cadáveres
Num fantástico hino de destruição
Dando lugar à pureza de um mundo aniquilado

E tu,
Nunca te apeteceu dizer Adeus?


domingo, agosto 21, 2005

ASAS QUE NÃO CONSEGUEM VOAR


Há demasiado tempo,
Que tenho segredos comigo
Há demasiado tempo,
Que existem coisas que devia ter falado
Num labirinto, anseio pela saída
Ambiciono por encontrar uma razão
Para encontrar o tempo, o lugar, a hora…

Anseio pelo sol de Inverno
No frio brilho de um dia de Verão
Os fantasmas construídos ao longo do tempo
Pressionam os meus sentimentos
Já não posso ficar mais afastado…

Tal como um bom actor
Represento emoções bem forjadas
Enquanto me esqueço do meu propósito
Ignoro as verdadeiras leis da vida
Sigo as leis da fascinação

Lanço-me com audácia para a realidade
Que se soltem os ventos
Que levem para longe os meus tormentos
Lavem as ilusões
E tragam sensações verdadeiras

Onde estou,
Tenho asas que não podem voar
Onde estou,
Tenho lágrimas que não consigo chorar
As minhas emoções estão congeladas
Não vou conseguir sentir
Até quer o gelo derreta

Já não tenho poder sobre isto
As defesas que construí
Querem desmoronar
A verdade começa a invadir-me
Já não quero me deixar dormir

Lentamente eu acordo
Lentamente me ergo
Abandono as emoções simuladas
Dou lugar a experiências verdadeiras
Sim, já não quero dormir

domingo, agosto 14, 2005

...ATRAVES DOS SONHOS


Vi a dama encantada que viaja através dos tempos e dos mundos, pelos sonhos dos homens.
Era serena. Vestia um vestido longo, branco como a paz, de seda imaculada. Sorria na sua busca perpétua, tentando acalmar a sua ânsia. Os seus olhos brilhavam, como um cristal a reflectir a luz. Usava no dedo anelar, um anel muito antigo, feito na própria noite dos tempos. Montava um fantástico unicórnio alado de pelo dourado, que a levava onde ela queria.
Ela era sonho e eu também.
Ela desmontou do seu belo animal. Veio até mim e sorriu. Eu acariciei-lhe o rosto e sorri também.

quarta-feira, agosto 10, 2005

SOCIEDADE VOMITAVEL



Abominável
Não consigo encontrar palavras
Que consigam descrever o horror
Vejo a hipocrisia a apoderar-se do mundo
Esta sociedade é o excremento de um ideal
Ocultada por uma mentira de valores
Nauseabundo
Sinto o cheiro pútrido do hálito dos falsos
Enquanto proferem palavras dissimuladas
Escondendo conteúdos hediondos
Sorriem de forma abafada e podre
Defecando o exemplo que dizem seguir

Intragável
Vejo a lama repugnante da pocilga da falsidade
Onde nadam os suínos gordos e satisfeitos
Vejo instituições edificadas com bosta
Arrasando sonhos edificados com apreço
Tornando estrume o que devia ser vida

Aberrante
Mentes distorcidas ditam leis limitadas
Viciam-se em inveja e cobiça
Recorrem ao básico para subjugar
Ardem no fogo desesperante do ciúme
Desabam sobre a força da ambição



quinta-feira, agosto 04, 2005

QUE SE CUMPRA A PROFECIA


Está no teu olhar
Está nos teus lábios
Está no teu toque sedutor
Esse pecado cativante
Que provo no teu beijo
E oiço nas tuas mentiras
Que sinto nos teus braços aconchegantes
Onde descanso o meu coração
Na ternura do teu abraço
Numa doce entrega

Seduzes-me assim
Estou certo que me vais presentear com toda a dor
Com todo o júbilo do teu ser
Deixas o meu coração abandonado à chuva
Mas beija-me e não te vou perguntar
O porquê de me banqueteares com toda esta dor


segunda-feira, agosto 01, 2005

REVELAÇÃO


Abre-se uma nova porta
Revelando um novo mundo
Abrem-se umas novas asas
Revelando um voo mais forte

Ergue-se a espada consagrada aos Deuses
Novamente ouvem-se cânticos de glória
A antiga história é apenas relembrada
Morrem os velhos sonhos
Nasce a nova realidade

Nasce um novo fogo
Revelando um Mundo Oculto
Cai uma nova noite
Em que a Lua é Deusa

Jorra o sangue puro da ilusão
Nasce um novo rio de agonia
Num sonho oculto agora revelado
Ergue-se o desejo ignorado
Numa gloriosa chuva de chamas

Brota da terra uma nova árvore da vida
Fazendo desmoronar a realidade
Ergue-se do oculto um antigo império
Forjado na sensualidade do sangue

Lágrimas salgadas trazem a felicidade
Eleva-se nos céus da noite
O som épico do voo da Fénix deslumbrante
Eis o que se esconde no conforto das trevas
Revelado aos olhos dos apáticos