sábado, março 22, 2014

Rimar



O poema tem de rimar
Podem dizer o contrário
Que rimar não é necessário
Mas a rima tem de lá estar

O poema tem de nos levar
Onde o mundo não conhece
Em que a vida acontece
De sentimentos a alimentar

O poema tem de voar
Entre céus sem norte
Nas rimas nos transporte
Para um mágico luar

O poema tem de refrescar
Como uma fonte que jorra
Água fresca a toda a hora
A matar sede do caminhar

O poema tem de acariciar
Como uma amante terna
Numa paixão eterna
Que nos faz sempre sonhar

O poema tem de pecar
Como labaredas que ardem
Tentações que nos atraem
Sem nunca nos condenar

O poema tem de dançar
Levar palavras ao coração
Deixar para trás a razão
Simplesmente deixar amar

O poema tem de encantar
Dos olhos soltar lágrimas
Desassossegar nas suas rimas
O poema tem de inquietar

segunda-feira, março 10, 2014

Falemos de amor


Dizem que o amor é a força mais poderosa do mundo. Concordo. 
Claro que existem excepções e quando as circunstancias são propícias, a força mais poderosa é exactamente a oposta. O ódio!
O ódio é analgésico, inflama, revitaliza, torna objectivo quem o sente, dando-lhe capacidades devastadoras. Faz renascer!
Sim, o ódio é violento, sanguinário, furioso, implacável, sem qualquer tipo de afecto ou misericórdia. Molda a pessoa com uma frieza insensível e mune-a com brutalidade.
Alguém capaz de vencer, arruinar, arrasar, aniquilar sem piedade o inimigo e ficar de pé perante todos os ataques! 
Digam lá se isto não é força?
Podem argumentar que o ódio corrói. Destrói a pessoa por dentro. Têm razão. E depois? Às vezes "é necessário ter o caos dentro de si para criar uma estrela"! A remissão virá depois...
Apercebi-me agora que era suposto falar de amor. Fica para a próxima.

sábado, março 01, 2014

Imagina isto


Se eu fumasse este era daqueles momentos em que te pedia um cigarro.
Sentava-me ao pé de ti e dava uma passa longa enquanto o meu corpo relaxava calmamente. Deixava passar um ou dois minutos de puro silêncio. Coisa pouca para o tic tac do relógio, no entanto, para nós uma eternidade onde os nossos nadas conversavam calados. Ia saber tão bem...
Depois, com a nicotina assimilada, quebrava o silêncio:
– Qual será o próximo estágio da evolução humana?
– Porque perguntas isso? – Questionavas com a tua mente banhada simultaneamente em cepticismo e Fé.
– Às vezes gostava de entrar num casulo e sofrer uma metamorfose. – Diria com um tom de voz intelectual como se tratasse de um poema.
– E sair de lá com umas asas!? Isso não ia dar muito jeito a passar nas portas! – Respondias entre pequenos risos.
Eu ria-me também.
– Agora que falas nisso, suponho que tens razão. – Concluía.
Então o teu olhar ficaria distante, fixo algures no infinito. Eu tentaria segui-lo, em vão. Acabaria por desistir.
– Já a mente precisa de evoluir... – Dirias, deixando a frase esquecida a meio, perdida no instante.
Tirarias o teu próprio cigarro, num ritual só teu acendias-o e com o fumo criavas obras de arte que só tu conseguias ver.
Mas o momento chamou a verdade e com ela o que é real: Nenhum de nós fuma.