terça-feira, agosto 30, 2016

Só a poesia


Quem me dera ser jovem novamente
Passar os dias entusiasmado
Com os amigos ao meu lado
Poder acordar sempre contente

Quem me dera descobrir o mundo novamente
Na inocência entusiasmado
Por um futuro sonhado
De uma criança inconsciente

Quem me dera nascer novamente

Sentir o espanto de ser gerado
Agradecer o viver que me foi dado
Ao abrir a janela do ventre

Quem me dera acordar novamente 

Muito antes do tempo passado
Antes de ficar fatigado
Cometer novos erros loucamente

Quem me dera apaixonar-me novamente

Trocar um olhar corado
Com um rosto enamorado
Sentir a emoção a vibrar ansiosamente

Quem me dera ancorar-me ao presente

Ter na vida um rumo traçado
Longe do mundo sonhado
Deste meu ser ausente

Quem me dera não me sentir distante

Pela banalidade ser levado
Deixar este sentir cansado
Somente uma rotina constante

Quem me dera não ser como toda a gente

Nunca por este adormecer ser tentado
Selvagem sem nunca ser domado
Amaldiçoar quem me quer condizente

Quem me dera continuar diferente

Nunca me sentir enjaulado
Nem pelo habito ser amansado
Só a poesia me levar avante

terça-feira, agosto 23, 2016

Hoje está...


Hoje está frio
O mundo está cinzento
Perdeu o seu encanto
Lembrando o meu vazio

Hoje está frio
A noite cai enegrecida
Sem luz de guarida
Chamando o meu vazio

Hoje está frio
A noite traz o medo
Que eu escondo em segredo
Cresce o meu vazio

Hoje está frio
Deformadas são as brumas
Que aumentam as sombras
No meu sonho vazio

Hoje está frio
Nasce um grito calado
No meu ser amargurado
Tomado pelo vazio

Hoje está frio
Uma incerteza de criança
Que me rouba a esperança
Torna o caminho vazio

Hoje está frio
Não há conforto
Nem rumo a bom porto
Sozinho no vazio

Hoje estou frio
Na pele arrepiada
Muralha desmoronada
Sinto-me vazio

sexta-feira, agosto 12, 2016

Onde o longe é constante


De que serve compreender
O meu olhar distante?
Que num lento acorrer,
Leva o meu sonhar errante,
Sem medo de se perder,
Para terras onde o longe é constante!

Não sei aonde vou ter.
Apenas sei que estou ausente.
Pelo infinito a desvanecer,
Voa pensamento e mente
Entre uma paz de indizível saber
Como uma brisa fresca num dia quente.

É como num entardecer,
Que na solidão me faz diferente.
Aconchego do silêncio sem nada a dizer,
Sei que mesmo aqui presente
Nesta paz de introverter 
Estou perdido no meu íntimo transcendente...

quinta-feira, agosto 11, 2016

Animar a existência


Em que posso servi-lo senhor?
Dê-me um copo de infinito
Para a poesia calar o meu grito
Deste desassossego aflito,
Se faz favor.
É para já senhor.
Ah! Também uma dose de sonhos com uma pitada de inocência!
Bem regados com aventura, que esta coisa de viver requer paciência,
Seja porque meios for um homem tem de animar a existência.
Traga do melhor.
Pois não. Mais alguma coisa senhor?
Agora que fala nisso, traga paixão.
Que isto sem inflamar a emoção
Faz-me de mansinho acomodar a razão.
Há que brindar o amor.
Como queira senhor.