terça-feira, fevereiro 11, 2014

Lá fora


Lá fora, cinzenta, a chuva cai
Dentro de mim o vazio impera
O silêncio apático; a espera
A alegria que se esvai

Lá fora ouvem-se as goteiras
Para longe fazem-me querer partir
Ou simplesmente desistir
Para onde não haja amarguras

«Não desistas» diz a esperança
«Não chores» diz o orgulho
Mas o marasmo onde mergulho
Faz de mim simples criança

Puxo para cima os cobertores
No meu intimo vou imaginando
O sol quente iluminando
A esperança em dias melhores

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Carta de amor


Escrever uma carta de amor…
Sabes que não acredito em expressar um sentimento tão grande por palavras. Palavras são apenas isso: palavras. Escritas de forma mecânica.
Como é que alguém pode expressar amor assim?
«Os poetas conseguem fazê-lo» dizem alguns. Que se danem os poetas! São mentirosos! Piratas emocionais em busca de sentimentos para a sua colecção. Vivem da sua loucura e do seu vício por rimas caóticas. Que se danem mil vezes!
Quando se trata de amor não acredito nas palavras…
Acredito no toque, meigo; no olhar, profundo; no beijo, eterno; na telepatia, tão mágica!
Acredito nos corpos que se unem e arrastam atrás de si almas ansiando serem um só!
O amor é isso. Dois que se tornam um. Um universo só nosso. De mais ninguém! Sem tempo nem regras. Onde somos réis, imperadores, deuses! Onde nos anulamos e recriamos em cada gemido, em cada suspiro, em cada êxtase que só é possível acontecer porque nos amamos…
Sim amo-te acima de tudo.
Quero dizer-te isso, com a boca, a mordiscar a tua pele; com as mãos a percorrer o teu corpo arrepiado; com a alma a viajar dentro de ti...

sábado, fevereiro 01, 2014

O cansaço


A dormência
Olhos fechados
Cansados
Pesados
Sem consciência

Querer dormir
Sonhar
Parar
Descansar
Simples inexistir 

Na noite escura
Entrega
Apaga
Aconchega
Na sua ternura

Sem sofrer
Quieto
Secreto
Obsoleto 
Apenas esquecer 

Render à apatia
Amena
Terna
Serena
A manhã traz alegria