sábado, dezembro 19, 2009

CONVERSA DE NATAL (Republicação)


- Estás no meio de um cigarro pensativo? – Perguntou ela.
- Sim. – Respondeu ele.
- Em que pensas?
- Em nada… Ou talvez em muita coisa… Depende do ponto de vista, acho eu. – Estava debruçado sobre a sua varanda, fumando um cigarro lentamente, enquanto observava as pessoas que passeavam pela aquela rua da cidade, devidamente enfeitada.
- A cidade está movimentada.
- Sim. Todos os anos é assim. Não varia muito.
Nesse momento o som familiar do telemóvel ao anunciar uma nova mensagem ouviu-se. Calmamente ele pegou no aparelho para ler o conteúdo: “Oh oh oh, estamos em tempo de festa e…” Não acabou de ler e de forma quase automática apagou a mensagem.
- Quem era?
- Nem reparei. Mais alguém a desejar Festas Felizes.
- Também já recebi várias do género. E tu, não vais desejar Bom Natal?
- Mais logo. Escrevo uma coisa qualquer e envio para todos da lista.
- Provavelmente vão fazer como tu e apagar a mensagem.
- É bem possível. –
Disse ele soltando uma pequena gargalhada.
- Não te incomoda saberes isso?
- Nada.
- Sabes, tenho saudades dos velhos postais de Boas Festas, que se enviavam pelo correio.
- Estás muito nostálgica hoje… -
Disse ele olhando para ela.
- Talvez… Mas o Natal tinha mais piada antigamente.
- Bem vinda à era da tecnologia. Já ninguém se interessa por esses postais. Haja é saldo no telemóvel.

Lá em baixo a azafama continuava. Passavam famílias aparentemente felizes. Pessoas com sacos carregados, crianças que gritavam, berravam e corriam. Uns pareciam apressados, outros passeavam calmamente. O cigarro dele tinha terminado, olhava agora novamente para baixo.
- Que observas? – Perguntou ela.
- Tudo um pouco. – Respondeu ele de forma vaga.
- Já reparaste nas pessoas?
- Sim. Devem andar nas compras de Natal.
- Algumas… Repara bem. Apesar de ser muita gente, parecem não reparar uns nos outros.
- Nunca reparam. Cada pessoa, grupo ou família é como uma ilha isolada, perdidos na sua vidinha. Porque haveriam de reparar nos outros!?
- Olha com atenção, estás a ver aquele senhor.
– Disse ela apontando para um homem já de alguma idade, que caminhava calmamente por entre as pessoas.
- Sim. Que tem?
- Olha bem para ele. Tem o olhar triste. Parece que está passear, mas na verdade está a observar os outros. Possivelmente porque é uma pessoa sozinha, sem família, sem amigos, sem ninguém. E repara, não é o único com o mesmo comportamento. –
Disse ela apontando para mais algumas pessoas que passavam despercebidas por entre a multidão.
- São pessoas solitárias, a cidade está cheia delas… Toda a gente sabe, toda a gente finge não saber.Ela baixou os olhos, perante a resposta. – “É triste…” – Pensou. Mas não foi capaz de dizer algo. Na cidade a solidão era mais evidente. O rosto daquelas pessoas tristes era doloroso para quem era de fora.
O som do telemóvel a assinalar nova mensagem fez-se ouvir novamente. Parecia ter vindo no momento certo para quebrar o peso no coração que sentia. Novamente ele não leu a mensagem até ao fim e apagou-a.
- O tempo está estranhamente quente para esta altura do ano. – Disse ela.
- Ainda bem. Gosto que haja tempo quente no Natal.
O sol de Inverno brilhava com bastante intensidade, atingindo em cheio aquela varanda, transformando aquele meio de tarde num clima de Verão.
Apesar do calor, ela, no seu coração, não conseguia deixar de pensar em toda a solidão e toda a pobreza que existia e como esses sentimentos são frios. Na altura do Natal fazem festas solidárias, angariam dinheiro, roupas e comida e o resto do ano? Pensou naquilo que já sabia:
“Temos sorte por ter família, amigos, dinheiro suficiente para conforto, prendas e pequenos luxos que achamos tão normais, que nos esquecemos que são um luxo. Depois damos um pouco do que nos sobra a uma causa qualquer e achamos que já contribuímos o suficiente… Na realidade somos hipócritas…”
- O Natal não devia ser assim…
- Disse ela.
- Então como deveria ser? – Perguntou ele.
- …
Ela não foi capaz de responder.
A tarde já estava a terminar e já se começava a sentir o frio que a noite iria trazer. Ele abraçou-a carinhosamente e ela sentiu-se aconchegada no calor dos seus braços fortes. Ela sentiu-se feliz.
- Vamos para dentro. – Disse ele.
Ela acenou com a cabeça concordando. Os dois entraram para o conforto do apartamento entre brincadeiras de um casal apaixonado. Lá dentro o calor e a alegria, deram lugar ao esquecimento daquela conversa, daqueles sentimentos, daquela gente triste e solitária… Afinal era Natal...






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sábado, dezembro 05, 2009

SIMPLES


Queria que as minhas unhas
Fossem com lâminas afiadas

Para rasgar a tua capa dura
E expor o teu rosto verdadeiro.


Olhar os teus olhos frágeis

Provar as tuas lágrimas salgadas

E beijar os teus lábios
Como quem beija todo o teu ser.

Queria esquecer-me que sou de ferro

(Ou lembrar-me que sou humano)
E desenhar algum carinho

Enquanto te afago a cara assustada

Como quem te chama à vida.

Queria esquecer que somos melancólicos
Amantes da solidão
(Mesmo sabendo que esta nos trai)
Mostrar-te a beleza da tua feminilidade

Numa arrepiante sensação carnal.


Queria eu ser tempestade
Derrubar castelos com os meus relâmpagos

Desmoronar romantismos e ilusões
Quebrar ideias com os meus ventos…

Queria ser um simples homem

A desejar uma simples mulher…

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sábado, novembro 07, 2009

MÚSICA VADIA


O mundo está calmo.
Ou então sou eu que vejo a calmaria, atrás do muro de solidão que me rodeia.
De qualquer forma, é-me indiferente. Apenas me está saber bem este momento de fim de tarde de sexta-feira, com a música por companhia.
Vem aí o fim-de-semana e as pessoas estão já com o seu pensamento bem longe. Ainda bem. Os meus pensamentos já são demais, não quero ser consumido pelos dos outros.
Entre a preguiça e a descontracção deixo o tempo passar devagar e ponho de parte a calmaria (ou ansiedade) que se dispersa à minha volta. Por momentos também me esqueço de mim e deixo a minha fantasia nadar por entre os acordes desta música vadia que me veio acompanhar…


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sábado, outubro 17, 2009

QUANDO SE REPETE A ESPERANÇA E O TALVEZ...



Triste é o sorriso, que esconde a falta de esperança…
Talvez a esperança seja apenas uma palavra,
Talvez a esperança seja apenas um sonho que se dissipa,
Talvez…
Talvez eu negue a esperança,
Para a trocar pelos meus pensamentos!
Talvez esteja apenas perdido!
E secretamente tenha a esperança,
De um dia me encontrar…


sábado, setembro 26, 2009

O MAPA



Velho relógio que avanças contando o tempo,
Tempo que apenas mede a estranha velocidade
Com que dia após dia vamos envelhecendo.
Tempo que afasta, tempo que traz de volta
Como se de distância se tratasse
Nesse mapa chamado vida…


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sábado, agosto 29, 2009

ENCRUZILHADA


Deixei-me levar pela insónia
Foi então que pela noite dentro
Me esqueci de mim
E nasceu um novo eu
Nunca tive grande temor pelo esquecimento
Mas na timidez do meu coração
Nutro uma paixão pelo acto de renascer
E recrio-me novamente…
Será necessidade ou vício?
Não sei: Renasço e esqueço
Tomo um novo caminho
Numa encruzilhada qualquer

Deixo que o adormecer inquieto
Me leve pelo cosmos dos sentimentos
E o acordar renascido
Me abra a porta para mim mesmo…


sábado, julho 25, 2009

PINTAR COM POESIA



Hoje não me apetece pintar a vida de poesia.
Quero ser directo, rude, bruto, animal… Besta insensível, que de humano tem apenas a aparência.
Não encontro qualquer harmonia no que me rodeia e até a melancolia, fiel companheira de horas solitárias, esgotou a sua fonte de inspiração.
Aquilo a que chamam romantismo, amor e coisas similares, já me mete nojo!
Sim! Já sei que me vão condenar. Apontar o dedo e talvez até excluir-me. Pouco me importa! Sinceramente até agradeço! É sinal que não sou um espectro que passa despercebido pela sociedade, cheia de falsa moral e hipocrisia em cada esquina.
Hoje até sou capaz de amar este mundo, no topo desta arrogância que subitamente me visitou. No fundo até compreendo estas estranhas leis, que vangloriam a verdade e a justiça! São uma mentira, inventada para disfarçar actos pútridos de gente “perfeita”…
Pois é, cá estou eu a julgar! Porque será?
Sim, já me lembrei. Também eu faço parte desta loucura.
Amem-me ou odeiem-me! Mas hoje não esperem de mim actos fingidos, palavras doces e muito menos, poesia no olhar!



sábado, julho 11, 2009

HOJE


Sem nada a dizer.
Tudo se resume a esta frase quando o cansaço se apodera da minha vontade.
Silêncio de palavras, de letras, de acções e sentimentos. Um olhar mudo. Sendo os meus desejos uma taça cheia de vazio. Talvez se encontre uma gota de esperança, mas, perdida algures no esquecimento.
Uma imensa apatia. É aquilo que hoje tenho para dar.
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sábado, junho 27, 2009

ESCRITA VADIA



Ando por aí
Encostado pelos cantos
Em busca de um sítio
Onde haja silêncio

Há demasiado barulho no mundo
Nas vozes das pessoas
Nas palavras dos jornais
Em músicas sem história

Procuro um lugar
Onde tudo esteja calado
Não seja obrigado a raciocinar
Sem regras nem obrigações

O mundo fala demais
Com vozes divididas
Banhadas em anarquia
Vendendo incoerência

Não quero comprar nada
Sossego talvez
Mas isso não se vende
Então calem os vossos pregões

Não compro ideais
Não sigo utopias
Não quero ser mais um a berrar
Para que o mundo não oiça


sábado, junho 13, 2009

DEJA VU



Esta sensação que me invade, faz-me sentir como se já tivesse vivido isto…
Não! Tenho a certeza de que já vivi este momento!
Cada som, cada imagem, cada movimento, cada sentimento…
Sim! Eu já vivi este momento!
Não entendo como é possível esta estranha lembrança e muito menos sei como explicar esta impressão. Talvez esteja num estado de consciência diferente, alterado, para que me possa aperceber de coisas que não sei explicar.
Numa tentativa vã, procuro arranjar explicação para a nossa noção de tempo. Ironicamente é uma perda desse mesmo tempo. Estou convencido que essa compreensão não está ao alcance da minha limitada condição humana. Acho que só Deus (seja lá o que Ele for) é que compreende aquilo a que chamamos tempo.
Agora interrogo-me: sobre o que é o ser humano? Um aglomerado de incontáveis partículas de universo, que se juntam para criar um corpo e uma consciência e da sua simbiose resulta aquilo a que se chama vida… Vida que pertence ao Universo, a tentar compreender esse mesmo Universo, com todas as suas estranhas leis…
Confusa teoria!
O melhor é esquecer este momento já vivido, ou pelo menos esquecido na memória de um futuro.


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sábado, junho 06, 2009

PINCELADAS NUM QUADRO


O teu corpo transpirado
Vibra sobre o meu
Suando prazer
Os teus dentes sedentos
Mordendo os lábios rubros
Os teus olhos vidrados
Esquecidos na luxúria
A tua respiração forte
Como um cavalo a galope
A tua pele despida
Expondo as tuas curvas
Como pinceladas num quadro
De um pintor cheio de arte
Inspirado pela beleza nua
Que de ti erradia
Num calor carnal
Que emana do teu intimo
Como um sol escaldante
As tuas ancas dançam
Entre gemidos e suspiros
Movimentos agitados
Nesse instante animal
Não escondes o que és
Mulher ávida de desejo
Matando a fome obscena
Num momento livre
Cheio de ânsia carnal…


E enquanto explodes
Que se faça silêncio no mundo
Pois manda o pudor que nada seja dito…

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sábado, maio 30, 2009

É MEU DESEJO...


Gostava de te fazer sonhar
Apesar de teres o coração trespassado

Por mil flechas envenenadas
Lançadas pelas mágoas da vida

Contudo acho que mereces sonhar
Mesmo que já não acredites no sonho

Tenhas a solidão como esperança

E a desilusão como recompensa

É meu desejo ver-te sonhar

Ainda que só acredites na frustração

De um viver sem vontade

Tendo as lágrimas como confidentes


Quero ver-te sonhar

Devolver brilho ao teu olhar desapontado

Libertar o teu sorriso encarcerado

E reviver o teu coração abandonado


Eu sei que ainda queres sonhar

Libertar todo o desejo que há em ti

Ser Mulher em todo o seu esplendor

Irradiar estrelas cintilantes onde desaguares


Sim, gostava de te fazer sonhar

Para seres uma quimera feita vida

Imensidão de sedução e fantasia

E emanares o brilho de uma Deusa feiticeira

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sábado, maio 23, 2009

VENCIDO


Hoje amaldiçoei a humanidade.
Não o devia ter feito, mas fiz.
E por isso peço perdão.
Não a vocês, mas a Deus.
Pois só Ele tem autoridade para me julgar.
Amaldiçoei sim!
Amaldiçoei num momento de ódio e rancor.
Amaldiçoei porque atentaram contra a minha Paz.
A Paz que ando a aprender a sentir.
Aprendi a não julgar, mas vocês julgaram-me.
Aprendi a não odiar, mas vocês odiaram-me.
Aprendi a não agredir, mas vocês agrediram-me.
Mesmo assim aprendi a amar,
Mas vocês espezinharam-me…
Peço desculpa, mas não sou de ferro.
Sou apenas humano e sucumbi à vossa vontade.
Por isso amaldiçoei, sim!
Mesmo sentindo pena, lancei a maldição!
Falhei na conquista da Paz.
Por isso puno-me por este pecado.
E imploro o perdão Divino,
Bem como imploro por auxilio,
Ao começar de novo uma jornada,
Em busca de uma Paz perdida.
Quanto à humanidade,
Que se entenda com a minha maldição!
Enquanto eu rezo,
Para que perceba a natureza humana.
E mesmo com o peso do pecado.
Consiga alcançar a Paz.



sábado, maio 16, 2009

DAR VOZ...


Podia dizer-te que o teu olhar é cintilante como as estrelas, que brilham a descoberto numa noite quente de verão.
Falar-te de como o teu sorriso me cativa e me leva a mergulhar em mares de fantasia.
Que a tua voz é doce e serena, como uma melodia cantada por um anjo.
Segurar as tuas mãos e comparar o seu toque ao da seda mais pura e suave.
Contar-te ao ouvido um segredo tímido, sobre como tu me fazes sentir bem…
Podia…
Dizer-te incontáveis frases de amor, que entrariam em ti, como uma espada entra na carne. Fazendo-te sonhar ilusões sem fim, desejos sem limites e fantasias de adolescente.
Podia…
Mas as palavras são mentirosas e eu não sou assim. Não falo por falar. Não amo por amar. Não vivo sem viver.
Podia…

Mas prefiro deixar falar o silêncio. Dar voz ao meu olhar calado. Criar em ti novos sentidos, para que descubras em mim novos mundos, novas sensações, novos anseios.
Prefiro estar distante, mas tocar-te no mais íntimo do teu ser, no mais profundo pensamento e no mais oculto dos desejos proibidos. Despir a tua pele, desnudar a tua alma, expor tudo aquilo que és, na nudez dos teus segredos.
Prefiro ser assim. Sem nunca pronunciar uma palavra. Na minha distância sentimental, deixar que te entregues a mim…




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sábado, maio 09, 2009

ESPERANÇA



Estava sentado num muro qualquer. Em frente encontrava-se uma típica rua de uma vila, como tantas outras. Algumas casas, alguns carros, algumas arvores e arbustos, mas tudo vazio, sem ninguém. Aquela paisagem estava insípida. Era um misto de paz e solidão, num fim de tarde perdido, num dia de primavera. O único som que se ouvia, era o vento, que soprava calmo.
Ouvi então uma voz:
- Há esperança ali.
Olhei em volta, não vi ninguém. – “Imaginação talvez”! – Pensei eu, sem dar grande importância. Mas novamente se ouviu a voz:
- Há esperança ali.
- Quem és tu? – Perguntei.
Não houve resposta. Apenas aquele cenário solitário.
- Há esperança ali. – Repetiu novamente a voz.
Já sabia que aquelas palavras não vinham de uma pessoa. Talvez viessem de mim, talvez de Deus, talvez aquilo fosse um sonho… Eu fosse sonho. Ou o momento fosse sonho. Não dei importância a isso.
- Onde fica o “ali”? – Perguntei à voz. – É um sítio? Um tempo? Diz-me onde fica o “ali”?
A resposta tardou um pouco, mas surgiu:
- O “ali” chama-se vida. Aí existe esperança.

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sábado, maio 02, 2009

VOAR SEM ASAS


Caminho por entre a multidão
Invisível como um fantasma
Cabisbaixo pela mágoa
Não quero que reparem em mim
Deixo-me levar pelo esquecimento
Que o meu grito seja o silêncio
E o meu toque vazio
Não quero que me olhem
Não quero que reparem em mim
Quero que o tempo se esvaia
Que tudo seja solidão
Assim é o meu castigo
Por tentar vencer a tristeza
Assim é a minha prisão
Por tentar voar sem asas
Num céu feito de amarguras



sábado, abril 25, 2009

OU ENTÃO O INVERSO...



Desejo-te!
Tal como Zeus desejou Danae, encarcerada numa prisão, bela e inocente. Julgada e condenada pelo crime da ignorância humana.
Desejo assim amar-te! Libertar-te para mundo, ser porta para o teu destino. (Ou então o inverso!)
Quero ter-te sem a certeza do amanhã. Apenas com a incerteza do momento, escondido no tempo.
Quero ser um erro, talvez… Mas quero que craves as unhas nas costas da memória. Um instante que nunca será oficialmente lembrado, sem importância para a história. Apenas isso: Uma explosão de prazer num recanto alienado! Um grandioso momento esquecido! Para que não haja julgamento, para que não haja pecado, para que não haja prisão (ou liberdade)…


sábado, abril 18, 2009

ALIANÇA


Perante mim estão hostes de demónios
Incontáveis soldados horrendos
Prontos a atacar-me impiedosamente
Dilacerar-me a carne sem misericórdia
Esventrar-me com garras laminadas
E tomar a minha cabeça como troféu

Eu estou só diante este exército
De monstros e criaturas hediondas
Como posso eu vence-los sozinho?
Seria uma guerra sem sentido
Um acto tresloucado que ditaria o meu fim
Desisto pois não tenho como vence-los

Resta-me então reinar sobre eles
Sou eu o vosso Rei – grito soberano
Vocês venceram-me e eu rendi-me
Sobra-me agora usar a vossa coroa
Sois agora servos da minha vontade
Instrumentos do meu desejo vadio

Deixo-vos apenas uma certeza
Sou o vosso monarca mas não sou como vós
Parte de mim é sádica ávida de caos
Onde as trevas habitam e a dor canta
Mas outra parte é calma e serena
Como um campo verdejante na Primavera

Parte de mim é como um cão raivoso
Que devora a carne de almas inocentes
Outra parte é como uma fonte de água fresca
Encontrada num dia de calor tórrido
Sou assim a fronteira entre o branco e o negro
A linha cinzenta entre o caos e a ordem

Selo então uma aliança convosco
Saltando entre os extremos da alma
Entre espadas que trespassam a carne
E flores que embelezam um sorriso puro
Uma ponte entre margens inimigas
Uma união entre desejos opostos

quinta-feira, abril 09, 2009

Música em sentimentos#1 ~ Ghost Love Score

Música: Ghost Love Score
Interprete: Nightwish
Álbum: Once
Ano: 2004
Duração: 10,02 m
Letra e música: Tuomas Holopainen
Estilo: Gothic/Melodic Metal


Esta música dificilmente deixará alguém indiferente. Posso dizer que é uma música “completa”, pois são 10,02 m que nos levam numa viagem alucinante por entre sensações de vários tipos… Mas vamos à análise.
Esta música começa com um instrumental sinfónico, acompanhado de um coro angelical, numa sonoridade épica, que nos transporta quase de imediato para um mundo de fantasia, digno de um “Senhor dos Anéis”. Ideal para aqueles momentos em que precisamos de nos abstrair do mundo. Ficamos de imediato seduzidos, ansiando o que se segue.
Ao minuto 1,09, o tom da música acalma, atenuando a adrenalina inicial, dando-nos uma sensação de paz, logo de seguida embelezada pela voz encantadora de Tarja Turunen. Um verdadeiro deleite para a alma.
Um pouco mais à frente temos uma amostra do refrão: O coro entra novamente em acção de forma épica, mas desta vez cantando alguns versos românticos, enquanto a vocalista nos delicia com a sua capacidade vocal - qual sereia que nos chama!
E assim prosseguem os versículos de forma doce. Neste momento estamos totalmente rendidos à música esperando o próximo refrão que entra em força.
Ao minuto 2,49, os mais românticos (e não só), são servidos por uma parte encantadamente calma, logo seguida de um instrumental de guitarra sereno, que nos transporta para uma nova fase da música:
Ao minuto 4,16, uma parte calma que deixa em expectativa para uma explosão instrumental de alegria, que será acompanhada pela vocalista, cantando romantismo…
Mas para quem está já preso a este turbilhão de emoções, a viagem ainda vai a meio! Pois de seguida vem uma parte inquieta! Suponho que essencial para todos que já viveram uma paixão conturbada!
E o instrumental épico coloca-nos de imediato na recta final da música, onde resumidamente voltaremos a lembrar os sentimentos vividos ao longo desta melodia, que pessoalmente apelido de: Divinal!
Enfim, aconselho esta música, como já referi em cima, a quem precisa de se abstrair do mundo e agitar as suas emoções. Entre imponência, agitação, romantismo, paz, inquietação, esta canção tem um pouco de tudo! Oiçam, leiam a letra e opinem!



Versão ao vivo

Letra:
We used to swim the same moonlight waters
Oceans away from the wakeful day

- My fall will be for you -
My fall will be for you
My love will be in you
If you be the one to cut me
I`ll bleed forever

Scent of the sea before the waking of the world
Brings me to thee
Into the blue memory

- My fall will be for you -
My fall will be for you
My love will be in you
If you be the one to cut me
I will bleed forever

Into the blue memory

A siren from the deep came to me
Sang my name my longing
Still I write my songs about that dream of mine
Worth everything I may ever be

The Child will be born again
That siren carried him to me
First of them true loves
Singing on the shoulders of an angel
Without care for love n` loss

Bring me home or leave me be
My love in the dark heart of the night
I have lost the path before me
The one behind will lead me

Take me
Cure me
Kill me
Bring me home
Every way
Every day
Just another loop in the hangman`s noose

Take me, cure me, kill me, bring me home
Every way, every day
I keep on watching us sleep

Relive the old sin of Adam and Eve
Of you and me
Forgive the adoring beast

Redeem me into childhood
Show me myself without the shell
Like the advent of May
I`ll be there when you say
Time to never hold our love

- My fall will be for you -
My fall will be for you
My love will be in you
You were the one to cut me
So I`ll bleed forever

Fonte: http://www.lyrics007.com/Nightwish%20Lyrics/Ghost%20Love%20Score%20Lyrics.html


Tradução:
Costumávamos nadar
Nas mesmas águas de luar
Oceanos longe do dia
Que está para acordar

(Refrão)
Minha queda será por você
(Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Você foi aquele que me cortou
Então, sangrarei eternamente)

O cheiro do mar
Antes do despertar do mundo
Leva-me até você
Até a triste lembrança

Minha queda será por você
(Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Você foi aquele que me cortou
Então, sangrarei eternamente)

Até a triste lembrança...

A sereia do fundo do mar
Veio até mim, cantou meu nome, minhas saudades
Mas ainda escrevo canções
Sobre aquele sonho meu

Que valia tudo que ainda poderei me tornar

A Criança nascerá novamente
Aquela sereia o carregou até mim
Primeiro deles amores verdadeiros, cantando nos ombros
de um anjo, sem importar-se com o amor e a perda

Leve-me para casa ou deixe-me sozinho
Meu amor no coração escuro da noite
Perdi-me no caminho a minha frente
Aquele atrás de mim me guiará
(x2)

Pegue-me, cure-me, mate-me, leve-me para casa
Todo caminho, todo dia
Só mais uma volta no
pescoço do enforcado

Pegue-me, cure-me, mate-me, leve-me para casa
Todo caminho, todo dia
Eu ainda nos vejo dormindo

Reviva o velho pecado de Adão e Eva
De eu e você, perdoe o monstro adorador

Faça-me voltar até a infância
Mostre-me a mim mesmo sem a concha
Como no início de Maio
Eu estarei aqui quando você disser
Hora de nunca segurar nosso amor...

Minha queda será por você
(Minha queda será por você
Meu amor estará em você
Você foi aquele que me cortou
Então, sangrarei eternamente)

Fonte: http://letras.terra.com.br/nightwish/91340/

sábado, abril 04, 2009

ESTRANHO CONTRASTE



O cair da noite está quase completo e a temperatura agradavelmente quente. Calmamente dirijo-me para casa, depois de uma tarde de domingo preenchida por preguiça.
Está-me a saber bem percorrer este caminho, sem pressa, com a noite quente a cair sobre mim, como se me quisesse acariciar. Estarei feliz?
Pergunta estranha… Sinto-me sereno, em paz, deslocando-me devagar… No entanto, na minha mente, apenas existe uma palavra: Decepção!
Estranho contraste. Aquele momento era uma ilha de serenidade num mar de decepção. Talvez por isso seguisse devagar. Para tentar prolongar ao máximo aquele caminho, levando a solidão como companheira e um pouco de esperança como bagagem.
Sabia que no fim daquele trajecto estaria à minha espera, o mesmo que deixei ao iniciá-lo. Essa palavra asquerosa, esse sentimento áspero: Decepção!
Quem me decepcionou? Um pouco de tudo. Eu mesmo talvez! Não sei. A única certeza é que aprendi a lidar com a decepção, como um soldado aprende a viver com o inimigo. Sempre atento ao seu ataque.
E assim continuo o meu caminho, a saborear a estranha calma que me invadira. Não era sonho. Era real. Aquele era eu.


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quarta-feira, abril 01, 2009

Música em sentimentos#3 ~ Join Me in Death

Música: Join Me in Death
Interprete: HIM
Álbum: Razorblade Romance
Ano: 1999
Duração: 3,36 m
Letra e música: Ville Valo
Estilo: Gothic Metal



Existem pessoas, que em certa altura da vida, não se encaixam em lado nenhum. Nem em estilo, nem em grupos, nem em filosofias ou politicas, nem em pensamentos… Anda-se por aí perdido sem saber muito bem onde encaixar. Na minha opinião, esta música, deu a conhecer a banda HIM (His Infernal Majesty), uma das responsáveis pela expansão da filosofia gótica. Filosofia essa em que me enquadrei na perfeição. Uma melancolia que não é tristeza, uma dor que se torna força…
Deixando-me de devaneios, vou começar a análise desta música, que posso dizer, é um exemplo perfeito do que é ser gótico. Começa com o som do piano, com notas belas, quase mágicas, que nos seduzem de imediato. Não dá para perceber que tipo de canção é. Não é uma balada, também não é uma música forte. É obviamente diferente e sem qualquer dúvida interessante. As surpresas continuam com os versículos, um poema de estranha beleza, que fala de um amor estilo "Romeu e Julieta". Letra sinistra e romântica. Quase proibida pelo tema que aborda… Tudo isto aliado à mitologia da banda e ao estilo do vocalista, Ville Valo, torna-se um verdadeiro ícone no estilo gótico. (De resto aconselho todo este álbum.)
Resumindo: Para mim foi a música certa, no momento certo. Abriu-me as portas a novas filosofias e novos mundos. Classifico-a por isso de fantástica.
Oiçam, leiam a letra e opinem!


Ao vivo

Letra:

Baby join me in death
Baby join me in death
Baby join me in death

We are so young
our lives have just begun
but already we're considering
escape from this world

and we've waited for so long
for this moment to come
was so anxious to be together
together in death

Won't you die tonight for love
Baby join me in death
Won't you die
Baby join me in death
Won't you die tonight for love
Baby join me in death

This world is a cruel place
and we're here only to lose
so before live tears us apart let
death bless me with you

Won't you die tonight for love
Baby join me in death
Won't you die
Baby join me in death
Won't you die tonight for love
Baby join me in death

this live ain't worth living
this live ain't worth living
this live ain't worth living

Won't you die tonight for love
Baby join me in death
Won't you die
Baby join me in death
Won't you die tonight for love
Baby join me in death

Baby join me in death

Fonte: http://www.heartagram.com/track/join-me-death




Tradução:
Baby junte-se a mim na morte
Baby junte-se a mim na morte
Baby junte-se a mim na morte

Nós somos tão jovens
Nossas vidas mal começaram
Mas já estamos considerando
Escapar deste mundo

E nós temos esperado tanto
A chegada deste momento
Estávamos tão ansiosos para estarmos juntos
Juntos na morte

Você não morrerá esta noite por amor
Baby junte-se a mim na morte
Você não morrerá
Baby junte-se a mim na morte
Você não morrerá esta noite por amor
Baby junte-se a mim na morte

Este mundo é um lugar cruel
E estamos aqui só pra perder
Então antes que a vida nos separe deixe
A morte abençoar-me com você

Você não morrerá esta noite por amor
Baby junte-se a mim na morte
Você não morrerá
Baby junte-se a mim na morte
Você não morrerá esta noite por amor
Baby junte-se a mim na morte
Junte-se a mim na morte

Esta vida não recompensa viver
Esta vida não recompensa viver
Esta vida não recompensa viver
Esta vida não recompensa viver

Você não morrerá esta noite por amor
Baby junte-se a mim na morte
Você não morrerá
Baby junte-se a mim na morte
Você não morrerá esta noite por amor
Baby junte-se a mim na morte

Baby junte-se a mim na morte

Fonte: http://vagalume.uol.com.br/him/join-me-in-death-(traducao).html




Um abraço

P.S.
Desculpem o brasileiro, mas não tenho muito tempo para fazer a minha tradução.

quarta-feira, março 25, 2009

Música em sentimentos#2 ~ Fear of Dark

Música: Fear of the Dark
Interprete: Iron Maiden
Álbum: Fear of the Dark
Ano: 1992
Duração: 7,16 m
Letra e música: Steve Harris
Estilo: Heavy Metal



Não me lembra de grande coisa da minha infância/início de adolescência, mas lembra-me da primeira vez que ouvi esta música. Tinha começado a ouvir metal à pouco tempo e costumava ser ouvinte de um programa chamado “Lança chamas”, que passava na Rádio Comercial aos sábados à tarde, apresentado por António Sérgio. Já havia descoberto grandes bandas a ouvir esse programa, entre elas, obviamente, os Iron Maiden. Tinham lançado recentemente o álbum com o mesmo nome: “Fear of the Dark”, ao qual eram dados grandes elogios. É claro que a curiosidade de o ouvir era no mínimo, muito grande.
Foi então nesse programa, que pela primeira vez, ouvi esta música. A minha reacção foi de ficar de queixo caído, imediatamente rendido e apaixonado por aquela canção. Foi quase uma experiência religiosa, pois nunca tinha ouvido algo do género! (Mais tarde fui conhecendo a obra dos Iron Maiden, que rapidamente se tornou a minha banda favorita, por isso passarão muitas mais vezes por aqui).
A música começa com um curto instrumental de guitarra, sem ser muito forte. (Durante muito tempo foi o toque do meu telemóvel). Aos 27 segundos, o som altera-se para uma parte calma. Uma espécie de balada, num tom ligeiramente sinistro, criando algum anseio, acompanhado pela voz um pouco rouca do vocalista (Bruce Dickinson). Um momento quase mágico, que nos prende de forma hipnótica. Sente-se verdadeiramente um arrepio a subir pela espinha acima. Esta sensação acentua-se se ouvirmos a versão ao vivo, onde toda a gente acompanha em uníssono… Lindo!
Continuando. – O primeiro refrão é então cantado de forma calminha…
Ao minuto 1,43, dá-se uma explosão na música, para uma batida rápida, transformando-se numa típica música de metal, com grande pedalada e belas guitarradas pelo meio! Confesso que a letra não é das melhores, mas, todo o ambiente criado pela música é fascinante! Um clima de terror, ansiedade e euforia, como só os Iron Maiden conseguem criar!
Enfim, grande música. Um verdadeiro marco na história do metal!
Oiçam, leiam a letra e opinem!

 
Ao vivo no Rock in Rio 2001

Letra:
I am a man who walks alone
And when Im walking a dark road
At night or strolling through the park

When the light begins to change
I sometimes feel a little strange
A little anxious when its dark

Fear of the dark, fear of the dark
I have a constant fear that someones always near
Fear of the dark, fear of the dark
I have a phobia that someones allways there

Have you run your fingers down the wall
And have you felt your neck skin crawl
When youre searching for the light?
Sometimes when youre scared to take a look
At the corner of the room
Youve sensed that somethings watching you

Have you ever been alone at night
Thought you heard footsteps behind
And turned around and no ones there?
And as you quicken up your pace
You find it hard to look again
Because youre sure theres someone there

Watching horror films the night before
Debating wiches and folklore
The unkown troubles on your mind
Maybe your mind is playing tricks
You sense and suddenly eyes fix
On dancing shadows from behind

Fear of the dark, fear of the dark
I have a constant fear that someones always near
Fear of the dark, fear of the dark
I have a phobia that someones allways there

When Im walking a dark road
I am a man who walkes alone

Fonte: http://www.lyricsfreak.com/i/iron+maiden/fear+of+the+dark_20067979.html


 
Cover - Cradle of Filth



Tradução:
Eu sou um homem que anda sozinho
E quando eu ando em uma estrada escura
De noite ou passeando pelo parque

Quando as luzes começam a mudar
Eu algumas vezes me sinto um pouco estranho
Um pouco ansioso quando está escuro

Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho medo constante de que algo está sempre perto
Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho uma fobia de que alguém está ali

Você já correu seus dedos pela parede
E sentiu a pele de sua nuca arrepiar
Quando estava procurando a luz?
Algumas vezes quando você está com medo de olhar
No canto da sala
Você sente que alguma coisa está observando você

Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho medo constante de que algo está sempre perto
Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho uma fobia de que alguém está ali

Você alguma vez já esteve sozinho a noite
Pensou que ouviu passos atrás de você
E virou de costas e não havia ninguém lá?
E a medida que você acelera seu passo
Você acha difícil olhar novamente
Porque você tem certeza de que alguém está ali

Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho medo constante de que algo está sempre perto
Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho uma fobia de que alguém está ali

Assistindo filmes de terror na noite anterior
Debatendo sobre bruxas e folclore
Os problemas desconhecidos na sua mente
Talvez sua mente esteja pregando truques
Você sente, e subitamente seus olhos fixam
Nas sombras dançantes de trás de você

Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho medo constante de que algo está sempre perto
Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho uma fobia de que alguém está ali

Quando estou andando em uma rua escura
Eu sou o homem que anda sozinho.

Fonte: http://letras.terra.com.br/iron-maiden/72660/


Cover - Van Canto

sábado, março 07, 2009

PISCIS




Ergue-te constelação mágica
Por entre os céus da noite escura
Resplandece por entre as trevas
As tuas estrelas cintilantes
Banha os teus filhos perdidos
Com o teu místico encantamento
Fá-los compreender o teu mistério
E conhecer os teus segredos
Ilumina-os por entre as dúvidas
Torna fortes os seus passos
Firmes as suas mãos agitadas
E claras a suas vozes inquietas
Deixa fluir os seus pensamentos
Como as águas de um rio rebelde
Mantém os seus espíritos indomáveis
Para que a sua única prisão
Seja a doce liberdade


sábado, janeiro 17, 2009

BELEZA NEFASTA




Ergue-te sol negro
Por entre os céus ensanguentados
Ilumina o mundo inteiro
Com a tua obscuridade
Faz com que as tuas trevas brilhem
No rosto da humanidade
Banha-nos com os teus raios sombrios
Reduz as lendas a pó
Erradia a beleza da melancolia
Condena todos os amantes
E esquarteja a inspiração dos poetas
Para que a apatia seja rainha
Sol negro
Beleza nefasta
Transforma o futuro em esquecimento
Para que a esperança não seja lembrada




sábado, janeiro 10, 2009

DIAS DE FRIO



O frio é a ausência de calor
Já não sinto frio
Tornou-se intenso demais
Agora sinto espadas afiadas
Que me trespassam em agonia
Laminas que cortam a minha carne

O ódio é a ausência de amor
O amor já não é quente
Tornou-se um sonho esquecido
Agora o meu coração gelou
Já não bombeia sentimentos
Erradia frio como um sol invertido

O caos é a ausência de ordem
Lentamente perco a sanidade
Não consigo combater a dor gelada
Deixo-me ir com o esquecimento
O mesmo que levou a memória do calor
E deixou o gelo parar-me a alegria

A dor é a ausência de calor
O mundo pereceu gelado
Numa devastação gritante
Eu pereci com o mundo
Trespassado por laminas de frio
Com a alma a lamentar-se…