sábado, janeiro 28, 2006

APATIA



De repente tudo ficou calmo!
O vento forte que soprava deixou de se sentir. As árvores ficaram imóveis. As nuvens tempestuosas e os fortes trovões apocalípticos afastaram-se, dando lugar ao sol quente. O som das espadas a cruzarem as lâminas e a cortarem a carne deixou de se ouvir, tal como os gritos de agonia e aflição que serviam de banda sonora a este cenário.

De repente tudo ficou tão calmo!
O rio que corria vermelho, banhado pelo sangue de inocentes derramado, corria agora límpido. As feridas daqueles que ainda viviam sararam e os corpos daqueles que jaziam no chão, sem vida e mutilados, desapareceram.

De repente tudo ficou estranhamente calmo!
Os olhos dos inimigos abriram-se e o ódio que os unia desapareceu. As espadas enferrujaram até que se transformaram em pó e toda a mágoa nos corações humanos foi esquecida. O cheiro pútrido que se sentia no ar deu lugar ao perfume das flores que agora brotavam.

De repente tudo ficou demasiado calmo!
Fiquei parado, numa estranha apatia e então apercebi-me que o meu coração estava vazio e os meus sonhos eram agora vãos, nem as lágrimas de sangue me salvavam. Tudo que vi no horizonte era loucura. Então perdi as forças, caí por terra e desisti. Estava tudo demasiado calmo…



sexta-feira, janeiro 20, 2006

PALAVRAS II


- Sabes, aprendi muitas verdades.
- Que tipo de verdades?
- As verdades pessoais de muita gente.
- Mas essas são apenas verdades para a pessoa em questão…
- Eu sei.
- Então porque aprendeste essas verdades?
- Para tentar compreender as pessoas.
- E compreendeste?
- Algumas sim, outras não.
- O que fizeste aquelas que não compreendeste?
- Aceitei-as…
- Simples, mas eficaz…
- Muita gente me tentou impingir a sua verdade, como se essa fosse a verdade universal.
- Já conheci muitos assim…
- Outros, tentaram impingir-me uma mentira, a sua mentira pessoal, como se fosse uma verdade.
- Sim, gente que vive na ilusão e pensa que tem o mundo nas mãos.
- Dão-me pena…
- Também a mim…
- Mas única verdade que eu ponho em prática é a minha…
- Como é essa verdade?
- Uma verdade, como qualquer outra verdade pessoal… Um conjunto de experiências de vida e as conclusões que tiro das mesmas.
- Percebo…
- Claro que é uma verdade sujeita a alterações, conforme a vida…



sexta-feira, janeiro 13, 2006

TALVEZ




Um novo dia começa novamente
O sol nasce, o sol morre
Reinicia-se o ciclo da decadência
A noite nasce, a noite morre

A balança das escolhas pesa novamente
E uma decisão antiga cai por terra
É o ciclo das ilusões que se reinicia
É a ânsia das mentiras que nos rege

Toda a vida se baseia em fantasia
Tornando vazios os nossos sonhos
E a nossa ilusão tristemente desejada
Tem como destino apenas mais uma mentira

Liberta-me se conseguires
Pois o meu paraíso é uma mentira
Tenta libertar-me se conseguires
Com isso a que chamas amor

Liberta-me, pois essa é a minha ânsia
O meu paraíso é uma ilusão dolorosa
Por isso tenta libertar-me sem medo
Com essa outra ilusão a que chamas amor

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sexta-feira, janeiro 06, 2006

AMOR / ODIO

I love you but i hate you



Saboreias o pesadelo da tua dor
Baixas o teu olhar submisso
Eu observo, incapaz de sorrir
É a mágoa torturante que nos acaricia
O meu olhar frio desespera
Os teus lábios tristes chamam-me
Sinto-te implorar por salvação

Mas eu não estou presente
Maravilho-me com as tuas lágrimas
Apenas triste por não te salvar
Sinto a tua agonia desesperada
É a mesma agonia que me aprisiona
Tento ignorar esta tentação cruel
Por isso não te salvo dessa aflição

Fico apático perante a tua mágoa
Deixo-te afogar nas tuas lágrimas
Deixo-me levar por este castigo
Puno-me a mim mesmo por esta dor
Mas deixo-te provar as lágrimas
Este martírio une-nos os dois
Num sofrimento flagelante de prazer

Solta os teus medos aterrorizantes
Agora a solidão e indiferença reinam
A tua dor transforma-se em lágrimas
Tu desesperas sem salvação
Eu nada faço para me redimir
Deixo as tuas lágrimas de angústia correr
Apenas sofro com o teu desgosto


I hate you but i love you