sábado, outubro 30, 2010

NINGUÉM



Não quero incomodar quem me rodeia. Alias, só quero estar sossegado. Se por acaso te meto impressão, peço desculpa, não é o meu objectivo. Por isso peço-te que olhes para o lado e me tentes ignorar.
Eu vou ficar aqui, sem fazer barulho e se pudesse ficaria invisível. Eventualmente acabarei por ir embora, para outro lugar, tentar ficar calado, para que não reparem em mim.
Saio de mansinho encostado aos cantos. De preferência onde houver pouca luz, para me confundir com a sombra. Não precisas de te lembrar do meu nome, nem do meu rosto, conhece-me apenas por ninguém.

sábado, outubro 16, 2010

SEM REGRAS


Gostava de amar. Mas sem o stress da paixão, que me inebria e torna estúpido, reduzindo-me a ter que seguir frases feitas, cheias de romantismo, que muitas vezes nem sentido fazem.
Gostava de amar livremente. Sem a prisão azeda do ciúme. Com justificações sem sentido para crimes nunca cometidos. Sem a ditadura do compromisso imposto por regras sociais.
Gostava de amar sem ter de lutar por isso. Porque o combate está reservado à guerra, o que é o oposto do amor, ou será que me engano?
Gostava de simplesmente amar. Sem o peso de ter de provar e demonstrar o meu amor a cada dia que passa, como se assinasse um livro de ponto qualquer, tendo por sumario uma história de novela.
Gostava de amar. Só amar. Com momentos de partilha e diversões inocentes, como crianças que brincam. Dar as mãos sem medo de uma despedida, porque o amanhã é uma certeza e a saudade fica transcrita num sorriso.
Não devia haver regras quando se ama…

sábado, outubro 02, 2010

FUJAM OU COMBATAM



Fujam! Fujam todos! E levem a vossa vida convosco!

Vêm aí as velhas alcoviteiras para vos enumerarem os pecados!


Escondam as vossas posses, desejos, sonhos e caprichos! Escondam! Que elas roubam tudo!


As velhas alcoviteiras estão vivas, mas esqueceram-se de viver a vida que têm, por isso alimentam-se das vidas dos outros!


Fujam! Fujam sem olhar para trás! Se têm medo da moral e bons costumes! Senão vão ser julgados pela boca de quem se esquece de viver!


Quem tiver coragem, fique comigo! Vamos combater essa gente! Traz contigo a tua má fama com todo o tipo de impropérios e obscenidades!


Se nos acusarem de renegados, mostraremos que somos ainda piores! Se nos apedrejarem, respondamos atirando pedras ainda maiores! Se nos quiserem linchar em praça pública, com as suas foices, gadanhas e inchadas, cavemos as suas sepulturas com os seus próprios instrumentos!


Venham amigos, venham! Vamos como chuva intensa, limpar a terra dessa corja!


Vamos queimar essa gente, como bruxas em fogueiras da inquisição! Arrancar-lhes as línguas e dá-las de comer aos porcos!


Vamos escrever os seus nomes com carvão negro em paredes brancas, para que sejam sinónimo de sujidade!


Fujam! Ou venham combater! Mas nunca se submetam à vontade de gente sem vida!