sábado, outubro 26, 2013

BRUTO


Fúria maldita! A raiva toma conta de mim como um fogo que me assoma e tenho inveja de quem sente tranquilidade. Hoje tudo em mim é ódio! Tanta gente no mundo, tantos dramas com eles… Posso ser apenas mais um e se calhar no meio de todos sou apenas ninguém, mas permitam-me ser egoísta: sinto-me, irado, raivoso, violento, bruto e monstruoso! Exijo justiça sem remorsos, sem perdão… Não aceito desculpas por parte de quem me ofende! Quero que padeçam! Simplesmente isso!
Quanto a mim, apenas desejo voltar para a serenidade…


sábado, outubro 19, 2013

SIMPLES AVENTUREIRO


O mundo está cheio de pequenas histórias. Cada um de nós vive centenas por dia, quase sem nos apercebermos. Aventuras simples que rapidamente passam ao esquecimento. Pessoas que se cruzam connosco e se juntam a nós para um mero acontecimento. Desde um simples "olá", a um trocar de olhares; uma conversa sobre o tempo ou um mostrar de indignação sobre a crise; um café relaxado logo a seguir ao almoço na pausa do trabalho, ou um gesto de entreajuda num momento de necessidade; enfim, um infinito de situações impossíveis de enumerar a todas.
Depois de analisar isto chego à conclusão que tenho a vida preenchida por "pequenos nadas" sem o perceber na maior parte do tempo. Sou um aventureiro do dia-a-dia. Protagonista de modestos acontecimentos sem ter a emoção para os notar.


sábado, outubro 12, 2013

COMPARANDO INFERNOS‏


O meu inferno é gélido. Insensível, dormente e sem emoções. Toma-me o corpo e a alma, arrastando-me para uma solidão devastadora onde os sentimentos são uma miragem.
O meu inferno é um palco onde enceno os guiões da personagem em que me tornei. Nele existe uma balança que pesa as acções de quem contracena comigo, às quais respondo como justiceiro, amante ou mero observador.
O meu inferno é um paraíso onde o bem e o mal não existem. Um lugar onde os outros me tocam mas eu não os sinto. Limito-me a retribuir aquilo que recebo. Sejam olhares, carinhos, dores ou vinganças.
O meu inferno é um abismo em que o fim é o desconhecido. Nele consigo voar com as asas da fantasia e esqueço que o medo existe. Conheço mundos, pessoas e histórias que rumam ao mesmo destino que eu.
O meu inferno é meu, apenas meu. Diferente do teu, diferente dos outros, pois nenhum inferno é igual. Cada um é único tal como cada coração, ora amargo, ora doce, ora feio, ora belo, ora cheio de sonhos, ora vazio e sem interesse.


sábado, outubro 05, 2013

INFINITAMENTE PEQUENO


Sentei-me no topo do mundo e observei a humanidade.
Tudo parecia infimamente pequeno. De uma insignificância total, diria mesmo ridícula.
O tempo acelerou e as eras foram passando cada vez mais rápido. Assisti a guerras que se transformaram em amizades, que mais tarde se tornaram novamente em quezílias.
Vi gentes a crescer, viver e morrer. Assim como impérios, reinos, religiões e ideias. Tudo o tempo trouxe, tudo o tempo levou, tudo o universo esqueceu.
Reparei que os acontecimentos surgiam em ciclos que iam e vinham. Os intervenientes eram sempre diferentes, os locais também, mas as ocorrências eram iguais.
Naquele sítio entre o sonho e a realidade apercebi-me que também eu fazia parte daquele espectáculo sem objectivos. As coisas iam e vinham sem nunca prevalecer. Cheguei à conclusão de que eu era igualmente nada no meio daquele emaranhado de existências sem importância, se comparadas com a imensidão do infinito.
Parecia um destino triste. No entanto eu sou dono das minhas ilusões e essas ninguém mas pode tirar. Por mais inúteis que possam parecer aos outros, para mim são o meu tesouro…