terça-feira, abril 22, 2025

Só mais algumas palavras de desabafo


Escrevo estas palavras com tristeza. Solidão, saudade, melancolia. Adjetivos nefastos, todos a orbitar a mesma estrela decadente.

Não sei quem sou. Ou talvez seja exatamente o contrário. Reconheço em mim um desânimo próprio de quem se entrega à letargia e por isso incomoda-me ser gente.

Posso ainda ser um reflexo do mundo que me acolhe como um ventre amaldiçoado. Vejo os outros e não me encontro. Não há vozes de alento, nem rostos de gentileza. 

Procuro, mas não descubro uma resposta digna da minha atenção. É sempre o mesmo. Repetido até à exaustão. Dito com frases diferentes para parecer novo. Não há alma nas coisas iguais.

Mas procurar cansa. É mais fácil desistir. Encontra-se algum conforto quando se está a dormir. Não vale a pena perder tempo quando há falta de esperança.

Sobra uma fome de companhia impossível de saciar. Um apetite esquecido no passado de quem já tentou sonhar. Não há alento no vazio e por isso rimo sem amar.

Escrevo estas palavras com dureza. Fadiga de fim do dia. Desabafo sem alegria. Cansaço de quem não consegue descansar. 

No fundo, ainda acredito no amanhã. Nascer do sol a raiar. Primavera a florir. Depois, ao acordar, isto possa ser apenas mais um poema, fruto de um momento frágil, onde me deixei desmotivar. 


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