terça-feira, abril 22, 2025

Só mais algumas palavras de desabafo


Escrevo estas palavras com tristeza. Solidão, saudade, melancolia. Adjetivos nefastos, todos a orbitar a mesma estrela decadente.

Não sei quem sou. Ou talvez seja exatamente o contrário. Reconheço em mim um desânimo próprio de quem se entrega à letargia e por isso incomoda-me ser gente.

Posso ainda ser um reflexo do mundo que me acolhe como um ventre amaldiçoado. Vejo os outros e não me encontro. Não há vozes de alento, nem rostos de gentileza. 

Procuro, mas não descubro uma resposta digna da minha atenção. É sempre o mesmo. Repetido até à exaustão. Dito com frases diferentes para parecer novo. Não há alma nas coisas iguais.

Mas procurar cansa. É mais fácil desistir. Encontra-se algum conforto quando se está a dormir. Não vale a pena perder tempo quando há falta de esperança.

Sobra uma fome de companhia impossível de saciar. Um apetite esquecido no passado de quem já tentou sonhar. Não há alento no vazio e por isso rimo sem amar.

Escrevo estas palavras com dureza. Fadiga de fim do dia. Desabafo sem alegria. Cansaço de quem não consegue descansar. 

No fundo, ainda acredito no amanhã. Nascer do sol a raiar. Primavera a florir. Depois, ao acordar, isto possa ser apenas mais um poema, fruto de um momento frágil, onde me deixei desmotivar. 


domingo, abril 20, 2025

A arquitetura dos glúteos


Dentro da minha mente existe uma dimensão compacta. Nela encontram-se espaços tridimensionais em tudo semelhantes à nossa própria realidade. No entanto, libertos do tempo linear como o conhecemos. É aí, onde guardo inúmeros museus, cada um de grandes dimensões, dedicados às mais diversas formas de arte. 

Um deles tem como tema fundamental a anatomia feminina, com foco principal no traseiro. Tendo em conta o facto de tudo poder e dever ser analisado por um ponto de vista artístico, não podia deixar de edificar um monumento capaz de enaltecer esta característica da qual tanto sou apreciador. Assim o fiz!

Fadado pela minha heterossexualidade, não posso impedir os olhos de se fixarem nos glúteos mais arredondados. Suponho eu, ser a natureza a orquestrar os seus desígnios para a continuidade da espécie. Mas como posso eu limitar esta sensualidade a meros impulsos biológicos se a humanidade não me basta?

Encorajado pela minha memória fotográfica, guardo as nádegas mais perfeitas que observei até hoje. Seja em fotografia, escultura, pintura, poesia, mas principalmente, movimento. Uma mulher com rabo grande, sem passar das medidas exageradas e curvas bem desenhadas, é uma obra de arte viva. Merecedora de grandes multidões e todos os aplausos. 

Eu, sem querer ser arrogante mas sendo, considero-me um apreciador exímio de traseiros delineados com mestria. E faço questão de o mostrar ao mundo sem qualquer pudor! Até mesmo com a intenção de elevar este estilo de voyeurismo à categoria de contemplação plena desta majestosa obra prima, que é o cu de uma mulher!