quarta-feira, novembro 08, 2023

Cântico sem destino

Ai de mim, coitado,

Que nasci em corpo de gente,

Sem saber ao que estava fadado.

Depois do meu destino traçado,

Lançaram-me em frente, 

Ao encontro do futuro guardado.

Indiferente a qualquer cuidado,

Firme como um crente,

Segui entusiasmado.

Julguei não poder ser travado.

Era tão inocente,

Quando descobri estar enganado.

A verdade tornou-me atormentado.

Tudo ficou diferente.

Fui maltratado.

Por ter fantasia, fui intimidado.

Conheci a maldade oprimente.

O terror de ser injuriado.

Regras a fazer-me acobardado.

Derrotaram-me assim, impunemente.

Fiquei acomodado.

Esquecido em algum lado.

Deixei-me esvanecer lentamente.

Mas alguém contou-me algo vedado.

Falou de rebeldia e ser ousado.

Escutei atentamente.

Ensinou-me a ser malmandado.

A voz não disse nada errado.

Ouvi rebeldemente.

Tornei-me despertado.

Sem medo de ser arriscado.

Revelei-me ousadamente.

Estava danado,

Contra quem era incontestado,

Desobedeci violentamente.

Já não estava domado,

Muito menos acorrentado.

Contra quem me queria desistente,

Enfrentei o mundo inconformado,

Com a raiva do meu lado,

Combati ferozmente.

Já não estava derrotado.

Mas o mundo é gigante.

Uma luta constante.

Há sempre um caminho errado.

Dei por mim errante.

Numa busca desgastante,

Por um local encantado.

Segui por diante.

Perdido e distante,

Pelo meu rumo desnorteado.

Com pouco de contente,

Sigo a minha história inquietante.

Talvez um dia me sinta afortunado.

Ai de mim que nasci gente...


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