Vento que sopras forte e vais empurrando as nuvens para longe, rumo ao seu destino incerto. Trazes contigo o frio que assombra o pensamento. Interrogo-me que navios fantasma impulsionas tu nas suas velas desgastadas pelo tempo, nesse céu transformado em mares de lembrança? Sopra para terras distantes, para outros povos e outras vidas. Leva contigo o passado e deixa que a manhã traga o futuro no seu amanhecer radiante.
Parte de mim é o desígnio de Deus; a outra parte resulta da minha própria vontade. Parte de mim é uma massa disforme e grotesca; a outra parte é de uma beleza inebriante. Parte de mim são palavras sem sentido; a outra parte é poesia escrita num momento de criatividade divina. Parte de mim é ódio raivoso como um demónio indomável; a outra parte é amor tal como um anjo enviado dos céus. Parte de mim é derrota humilhante; a outra parte é vitória triunfante. Parte de mim é caos imprevisível a dançar ao som de todos os ritmos; a outra parte é ordem, perfeita e severa onde o erro não existe. Parte de mim é o esquecimento trazido pelo tempo; a outra parte é o futuro a ser edificado. Parte de mim são segredos ocultos e profanos escondidos nas sombras; a outra parte é magia alva como a luz do dia.
Quero acordar! Despertar deste sono profundo em que mergulhei. Afastar este mar de marasmo que me envolve. Libertar-me do mundano que me prende. A derrota aparece de onde menos se espera. Ataca de forma imprevisível e goza-nos em tom de sarcasmo. Suponho que seja o preço a pagar por se prestar culto à inteligência. Assim estou: derrotado e envolto em sonolência a observar os dias que passam sem história. Sobra-me tempo para inventar desejos. Mas desejar não basta! Quero a glória das grandes vitórias. Que o meu nome seja sinonimo de triunfo! Não me vou deixar adormecer quando a vontade que existe em mim é acordar!