As cores são tão estranhas!
Estou acostumado a viver rodeado de escuros e cinzentos, de tal forma que todas as outras tonalidades parecem-me um universo por explorar.
Olho com um fascínio quase infantil para as variações do arco-íris quando se elevam por entre o céu enublado. Não me admiro que os povos antigos achassem que aquela festa colorida fosse uma ponte para o mundo dos deuses.
Aqui é tão sombrio!
Quem me dera adormecer no cor-de-laranja. Viajar em cor-de-rosa por estradas azul-bebé. Perder-me em florestas esmeralda salpicadas de lima, escarlate e turquesa. Beber de fontes timbradas com todas as cores que se possa imaginar e mais ainda!
Como luz a deslumbrar, beijar em todos os vermelhos; visitar peles de todas as tintas; cruzar olhares de todos os oceanos; conhecer almas de todas as galáxias!
Como um louco na sua arte, amar com todos pincéis e dançar em todas as telas com linhas iluminadas por toda e qualquer cor! Invejo quem se transcende numa pintura multicolorida criando um festim de imaginação nas faces tristes de quem as contempla!
Ainda assim não abandono a melancolia. Mesmo que a tente colorir de quando em quando, vive em mim esta profunda sina de quem não consegue pintar de outra forma a poesia de viver. Sobram-me as cores dos outros, que, no seu entusiasmo as partilham altruístas. Com um sorriso verdadeiro, a esses agradeço por mostrarem a alegria a quem sonha deste lado do impossível...
2 comentários:
Nem tudo é mau no cinzento e no preto. Eu gosto.
Tantas cores nauseiam-me!
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