Cá estamos novamente a narrar as amarguras da vida!
A verdade pode ser muito dolorosa, ou pelo menos, extremamente aborrecida.
Estás num daqueles momentos de clareza existencial absoluta em que percebes que os que te rodeiam e te são mais próximos, a quem, no mínimo de interação social que te resta, denominas de ‘amigos’, não passam de pessoas enfadonhas. Gente que, apesar de terem no seu íntimo a semente da inquietude, preferem entregar-se ao discurso fatigante sobre as banalidades humanas. Sentes um cansaço na alma só de os ouvir!
Pois bem! Para o diabo que os carregue!
Abandona-os. Entrega-te tu ao silêncio e à tua própria solidão. Não deixes que essas sanguessugas, a coberto da moral do sentimento da amizade, te roubem o tempo, os devaneios e a pouca paz de espírito que tanto fizeste para merecer.
São como vampiros a drenar-te a energia anímica, enquanto tomam a tua atenção com as suas histórias enfadonhas sobre as vulgaridades do dia-a-dia. Já reparaste no cansaço que se abate sobre ti quando se vão embora?
É isso que fazem: cansam! Roubam! Contaminam a positividade que existe em ti! Desgastam essa energia que te é essencial, sem nunca a chegares a usar em quem devias: na tua própria pessoa.
Vira-lhes as costas e deixa-os a falar para a tua ausência. O que não te falta são caminhos a percorrer. Além disso, o que há com abundancia no mundo são vozes com algo a dizer. Por isso não fiques aí na paralisia do que te ensinam que “assim é que deve ser”. Faz isso, faz aquilo, porque assim é que é correcto. Mentira! Apodreces sem história em dias seguidos de momentos iguais, até que um dia o espelho te diga que o tempo passou e tu desapareceste com ele.
Todas aquelas frases feitas que são partilhadas na internet, com imagens todas bonitas, a bendizer a amizade são uma grande mentira. Um aconchego para tentar iludir o vazio que a individualidade te impõe. Chegas à conclusão de que quem as inventou não tinha vida própria. Restou usar palavreado bonito para iludir umas quantas pobres almas a dar-lhe atenção em troco de ilusões vazias.
Analisas as fotos partilhadas nas redes sociais onde te ‘marcaram’ com toda a pompa e circunstância. Toda a gente a posar para a câmara. Todos com sorrisos abertos, cheios de alegria para provar em imagem que a felicidade habita naqueles corpos. Pois bem! Dou-te as boas vindas ao palco da vida onde todos são actores numa peça de teatro! Sem esquecer que todos são em simultâneo espectadores duma felicidade encenada!
Onde está a tua alma no meio disto tudo?
A gritar por um pouco de verdade!
São estes os teus ‘amigos’! Os mesmos que te magoam e a quem tu magoas de volta, como se fosse um jogo a imitar um filme ou uma novela. Somos todos heróis, sem que ninguém queira interpretar o papel de vilão. Talvez nessa posição se encontre um pouco de verdade, pois os maus da fita terminam sempre sozinhos.
A solidão!
Já aqui estivemos tantas vezes… A narrar as maleitas e potencialidades deste sentimento incompreendido. No entanto, se não me turva a memória, nunca o fizemos em contexto de amizade. Quando um ínfimo de inocência que vive (e sempre viverá) em ti, procura a salvação na frágil moralidade de outro ser humano qualquer. O resultado dessa equação termina quase sempre em desilusão!
E tu sabes bem disso. Estudaste essa lição vezes e vezes sem conta para falhar no teste constantemente. Se tens de culpar alguém porque te magoaram, essa pessoa és tu!
Só tu!
Apenas tu!
Não és o centro do mundo e ninguém te deve nada. Sobra a eterna culpa de esperar alguma coisa dos outros como um mendigo implora uma esmola.
Faço um pouco de silêncio para que possas percorrer a berma do abismo, entre a verdade e o choro.
…
Agora, depois de o teu espírito acordar. Louvo-te por ainda tentares viver a amizade, mesmo que esta só tenha o destino de magoar. O amor tem muitas faces e os amigos são uma delas.
Para além do que a solidão oferece, existem os outros, que tal como tu escolheram um caminho. Seja por que motivo for, é essa estrada que seguem. Não nos cabe a nós julgar e muito menos exigir que nos agradem. Ou vice-versa…
A criança que um dia foste, a brincar no recreio e que acreditava em contos de fada, ainda reside num canto qualquer do teu fado. E seja porque motivo for, continua a pesar nas tuas escolhas, mesmo que estas levem à decepção.
Acreditar no impossível pode parecer um ‘cliché’ bonito para se publicar na internet mesmo que a alma doa. Ainda assim acreditas. Para além da religião, filosofia ou novelas. Acreditas que tudo pode ser melhor. Isso é bonito. É como um dom. Um tesouro que te torna especial…
Perdoa-me a dureza das palavras. Só quero que a mágoa te passe ao lado.
No entanto, de que vale isso se sem a tua inocência continuas sem chegar a lado nenhum?
Deixo-te por agora.
Já tomei muito tempo da tua atenção na minha função de narrar…