Existe algo de tão maravilhoso, quanto de misterioso, no pôr-do-sol de um dia quente. A quietude toma conta do mundo. A luz que se vai desvanecendo devagar. Os tons avermelhados que se apoderam do céu. A total e absoluta tranquilidade que cobre, como um manto, o desenho confuso da vila.
Enquanto a noite cai, os pensamentos mundanos desaparecem, a mente navega apenas no transcendente desconhecido. O silêncio de banalidades é tão profundo e grandioso que eu, meditativo, me deixo levar pela incompreensão do universo.
As luzes da povoação começam a acender. Algures um cão ladra. Aqui e ali, um ou outro carro passa. São as pessoas, apressadas, que seguem para as suas casas, para os seus confortos, para seus afazeres, para a hora do jantar. Eu prefiro ficar aqui, ao mesmo tempo que o sol se afunda no horizonte, deixando apenas réstias da sua incandescencia no céu que vai escurecendo.
Não tarda a aparecer a primeira estrela, como um cumprimento cósmico a esta minha contemplação espiritual. Não sei se para Deus isto conta como oração, dada a paz que sinto em mim.
É um momento perfeito, enquanto, na minha insignificância, desenho o infinito na pequenez de um poema...
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