quinta-feira, outubro 01, 2015

Os raros


Gosto de ver gente estranha. Ainda que sejam feios, grotescos, porcos, malcriados ou imundos de sujidade. Para mim são fantásticos. São seres interessantes desde que não se encaixem nos padrões de normalidade com que somos criados. A fuga ao banal deve ser uma constante!
Há sempre algo de desinteressante nas pessoas normais com quem me cruzo na rua. Muda a roupa, muda o penteado, muda o sexo, muda o exterior, pouco importa! Lá dentro são iguais atrás do seu olhar rotineiro. Nada mais transparecem do que uma constante busca por uma existência básica.
Sempre que passam os esquisitos, os diferentes, os raros, desviam-me a atenção. Aprazem-me os furados impiedosamente com metais decorativos nos lugares mais bizarros da anatomia. Deleitam-me os pintados com tatuagens que violam a pele com imagens impregnadas de heresia. Contemplo os membros deformados de quem está limitado pela fragilidade do físico que sucumbiu à imperfeição. As cores garridas de quem não tem medo de sobressair na multidão.
Estes são os amantes da arte que ostentam no corpo o desassossego da sua individualidade!
Há na sua aparência uma bandeira à liberdade. Um apelo rebelde por evoluir, porque a vida tem de ser muito mais que isto. Não me admira que os outros se afastem, com medo, com desdém, ou com nojo. Fogem de todos que os lembram que pouco mais são do que macacos andantes rotulados de civilizados.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sinto nas minhas veias cada palavra aqui escrita....

Red Angel