Sentimentos, aventuras, pensamentos, histórias, poemas, ideias e escrita caseira...
sábado, dezembro 14, 2019
Nas horas da insónia
Bem-vindos às altas horas da noite. Aqui todos somos Poetas. Temos uma fragilidade natural, que nos impele a brincar com as palavras numa tentativa absurda de descrever sentimentos. Vivemos aqui, assim, como se nada mais importasse, além daquilo que nos faz sonhar. O dia já passou há muito. Agora, só a madrugada interessa. A manhã ainda tarda, por isso ignorarmos que ela existe.
Aqui estamos nus, sem pudor, nem vergonha, daquilo que nos é íntimo. Com a nossa pele de vestir atirada para o chão, como roupa usada. Agora somos outros. Uma versão alternativa da nossa figura. Gente que só existe muito depois que o sol se põe e os afazeres terminam. Talvez, até, alguém que amanhã não se entenda assim, porque lá fora tudo dói e há que escudar a consciência.
Portanto, aqui me exponho, na mais profunda das sensibilidades. Enquanto a insónia não me deixa adormecer. Verdadeiro em todas as confissões que se soltam do meu âmago. Pensamentos que lutam para emergir. Anseios que aguardam a sua vez para serem transformados em rimas delicadas. Por vezes só sobram os gestos que buscam outros toques. A conversa intensifica-se no silêncio entre a telepatia da entrega.
Depois, o relógio aparta-nos, insensível ao nosso amar. O sol também quer trazer a sua luz à natureza que o chama. Já nós, temos as nossas regras e vamos. Os horários que impomos a nós mesmos, porque alguém nos disse que era assim. Nós aceitamos e fazemos disso a nossa tormenta. Lamentamos o nosso fado sem nunca o desejar abandonar. Quem sabe porque sem isso, já não havia madrugada, nem poesia, sentimentos ou nudez. E já ninguém nos encontrava…
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