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sexta-feira, outubro 30, 2015
A melancolia
Hoje sinto-me sombrio, tal como o dia que se deixa anoitecer cedo, submisso ao outono que veio tomar o seu lugar no ciclo da existência.
A música que oiço canta a melancolia em acordes sinistros e poesia amargurada. Lá fora as nuvens escurecem a alegria. Com tirania ameaçam com chuva e vento qualquer vislumbre de felicidade.
As minhas vestes são negras, solidarias com o meu desânimo. Uma mágoa sem nome pinta-me o rosto, realçado pelo cansaço no olhar que, suplicante, chama pelo sono. A ausência de um sorriso na minha face torna-se gritante, tal como a tristeza silenciosa que se apossou de mim.
É tudo tão solitário que a minha própria vontade foi quebrada pela inexistência de determinação. Nem raiva sinto em mim para poder abraçar a revolta e insultar, com violência, o mundo com os seus dissabores.
A minha figura nada mais é do que uma sombra sem emoções que se mistura no cenário outonal. Como se dele fizesse parte, como se fosse seu igual no meu desalento.
Sou um ser recolhido pelo pesar do meu fado, sem contentamento que me anime. Somente sei que algures no meu íntimo deve existir uma semente de esperança que, tal como a natureza, aguarda a primavera.
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1 comentário:
E no teu outono vejo o meu.
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