sábado, abril 14, 2018

Sem linguagem para me traduzir


O Universo apontou-me a sina de pertencer a uma subespécie humana. Sem direito a etnia ou raça. Nem sequer uma denominação alternativa de quem não se encaixa no modelo padrão da sociedade.
Sou, portanto, insignificante.
Suponho que talvez tenha algo a oferecer. Sem saber o quê, nem tão pouco quem o queira. Tenho como maior desgraça, a suprema infelicidade de não me conhecer intimamente. Ou melhor, a noção penosa de que isso não acontece, já que os demais estão adormecidos, sem sentir a dor na alma de quem não se sabe.
No entanto, não busco explicações para a minha criação. Procuro sim, perguntas. As respostas, essas, deixo-as para aqueles que se brilham como sábios. Apesar de tudo, ainda existe quem procure decifrar os segredos que nos fazem ser humanos no meio do impossível. A esses não os conheço. Com alguma pena minha. Quem sabe não me soubessem interpretar?
Creio que também não me queira solucionar. Mesmo que os pudesse ter como estudiosos do meu pensamento, não os aceitava. Era capaz de largar o rumo perdido que sigo. Apelido-me longínquo, sem linguagem igual para me traduzir. Apenas isso. Em mim há silêncio. Seja ele de desgosto, inercia, ou simples vazio.
O mundo parece tão estranho, com as suas vozes a declamar verdades, para quem as deseje receber como tal, ou para quem as queira odiar. Tudo se torna bizarro, sem uma essência neutra para os que desejam estar calados e simplesmente ser. Ficar aparte deixa de ser raro e declara-se permanente. Sozinho. Ausente. Distante. Inalcançável.
No fundo, sou um lugar sem mapa em que os sentimentos se despem. Onde, numa réstia de esperança, ou loucura, mora o sonho.

2 comentários:

Unknown disse...

Não estás sozinho.

Tavares disse...

Bom dia amigo(a)!

Muito bom o seu blog, já estou seguindo...

Abraço!

Tavares_Plugado
https://tavaresplugado.blogspot.com.br/