quinta-feira, setembro 15, 2016

O destinatário


Hoje apeteceu-me escrever uma carta, num papel, com uma caneta, tinta verdadeira e com a minha própria caligrafia. Sem me importar se o tipo de letra é arial, times, comics, ou outra coisa qualquer. É minha. Uns quaisquer gatafunhos. Pouco importa se são perfeitos, ou não, desde que se leiam.
Envio-a pelo correio. Pago o selo, uns quantos cêntimos, com prazer. No destinatário coloco "Para qualquer um que queira ler". Não me importo para onde os serviços postais a vão levar desde que chegue às mãos de alguém. Qualquer um, tanto faz, pode ser um doutor, sem abrigo, sábio, hippie, aventureiro, ou que só tenha a quarta classe. É indiferente desde que leia o devaneio que lá coloquei.
Nem sequer estou preocupado se percebem a minha mensagem. Naquelas palavras libertei um segredo. Um "nada de especial" que ocupou umas quantas frases rabiscadas numa folha, mas que para mim teve a importância do tempo que lhe dediquei. Apenas isso, ou tudo isso! Deixo ao critério do leitor.
Se por acaso fores tu o receptor deste envelope, considera-te afortunado por receberes uma parte das minhas ilusões. O destino, com a sua lógica própria, lá decidiu que serias um bom guarda para este tesouro que nada vale aos olhos dos homens comuns com as suas moedas. No entanto transporta nas suas linhas algo precioso saído da minha essência mais profunda...

3 comentários:

Imprópriaparaconsumo disse...

As palavras escritas com a nossa mão e com tinta no papel têm uma intimidade intensa.
:)

António Silva disse...

Imprópria que é feito do teu blog? Tenho saudades da tua escrita.

Imprópriaparaconsumo disse...

Ando sempre com a casa às costas António :)
Devia ter dito, peço desculpa :)
http://savagelove2.blogspot.pt/