sexta-feira, junho 05, 2015

O aprender


Era uma vez uma estrela, como todas as estrelas, que brilha no céu. Era uma estrela verdadeira, ao contrário daquelas que os homens inventam.
Era uma vez um rapazinho sonhador, como todos os sonhadores, que gostava de olhar para o céu nocturno. Um dia reparou naquele pequeno ponto de luz que cintilava mais alegremente do que todos os outros. Achou-o bonito e acenou-lhe como se pudesse ser visto por aquele pequeno ponto luminoso. Tornou-se assim amigo da nossa estrela distante. Sempre que podia vinha espreitar a sua amiguinha gesticulando-lhe um olá.
Quando foi para a escola ensinaram-lhe o que era uma estrela e como bom sonhador que era, prometeu ser astronauta quando fosse grande para um dia ir visitar a sua amiga cintilante num foguetão espacial. Quem é a criança que não deseja ser astronauta?
Infelizmente não lhe ensinaram sobre o tempo e quando cresceu esqueceu-se que um dia tinha feito amizade com uma estrela. Os seus sonhos de menino foram sendo esquecidos para darem lugar aos desejos de homem. Conheceu o amor e viveu aventuras. E agora que era crescido, deixou de olhar para o firmamento como fazem os homens.
Infelizmente também não lhe ensinaram sobre a mágoa e por ter amado partiu o coração como acontece a quem ama. Nesse dia também conheceu as lágrimas dos adultos e chorou como fazem os homens, porque os homens também choram ao contrário do que lhe disseram.
Nessa altura quis ser novamente uma criança sonhadora, onde todos os dias eram de descoberta. Na sua insónia voltou a olhar o céu nocturno e lembrou-se da sua velha amiga cintilante. A estrela continuava no mesmo lugar a piscar entre as demais. Não resistiu em acenar-lhe e nesse momento voltou a sonhar com viajar o infinito para muito longe.
Então uma ideia passou-lhe pela cabeça: E se a estrela também o estivesse a observar a ele? Claro que, por causa do que lhe ensinaram na escola, ele sabia que isso era impossível. Mas para uma criança sonhadora não existem impossíveis e naquele momento teve a certeza de que aquela estrela cintilante enviava a sua luz para o animar, como se o abraçasse do outro lado do cosmos.
E ficou feliz.

1 comentário:

Unknown disse...

Felizmente, há aqueles que crescem sem nunca esquecerem a inocência e a doçura de ser criança. Bem-aventurados!