sábado, julho 19, 2014

A dignidade


O disparo da bala ecoou pela vizinhança. O som da viscosidade dos pedaços de cérebro, crânio, sangue e carne humana, a escorrer pela parede, deram seguimento à fatalidade.
O corpo caiu inerte, sem vida. Ou melhor, sem estímulos eléctricos que lhe dessem novamente movimento.
A arma, pesada, de grande calibre para ter a certeza que a intenção não falhava, acompanhou a queda. Manteve-se, eficaz, na mão do homem. Não havia qualquer beleza, ou dignidade no suicídio. Apenas uma cena grotesca e visceral que iria fazer vomitar o pobre coitado que a fosse encontrar. 
Ou então, talvez apenas alimentar a cusquice e a curiosidade mórbida de quem gosta de comentar este tipo de coisas. O povo é assim…
Mas a morte foi consumada com sucesso. 
No entanto, há que salientar o facto de não ter existido qualquer beleza e muito menos dignidade. Foi apenas morte, desejada.

Sem comentários: