Naquele tempo a humanidade tinha-se dispersado pela Terra inteira e criado fronteiras, com países, línguas e culturas diferentes tal como fora designado em Babel.
Contudo, os homens, atingiram uma grande capacidade tecnológica e, se quisessem, podiam falar uma só língua e completar entendimentos entre todos. Deus, ao ver isto, decidiu testar os homens e enviou uma praga para que se unissem como um só povo, numa só sabedoria e compaixão uns pelos outros.
No entanto, quando deparados com a peste enviada pelo Senhor, em vez de se unirem, os homens criaram ainda mais motivos para se dividirem. O nome de Deus justificou as mais variadas religiões que em nada o serviam; os governantes só se preocuparam com o vil o dinheiro; os políticos pregavam ideologias, que nada mais serviam a não ser para criar separação, e acusavam-se uns aos outros, cada um garantindo a sua própria verdade; os criminosos passeavam tranquilamente entre os demais sem medo de castigo pelos seus actos; aconteciam guerras alheias a tudo o resto; a ciência funcionou para criar uma cura, mas não sem antes garantir os lucros dos mais ricos; e o povo, convertido à ignorância, quebrava frequentemente as regras que serviam de protecção contra a doença dando-lhe continuidade.
Os que pereceram ficaram abandonados na história que a humanidade teimava em esquecer, mas não à sabedoria do Senhor que, ao assistir a todas estas coisas entristeceu-se.
Deus a observar todas estas divisões criadas pelo próprio homem verificou que a dispersão de Babel continuava a acontecer, e até se acentuou, apesar de todas as obras conquistadas pelo homem.
Apesar de tudo nem todos se dividiam e aqueles que procuravam a união para combateram a praga enviada pelo Senhor, fizeram-no com toda a ciência e força que a condição humana permitia. Deus compadeceu-se dessa gente inconformada escrevendo o nome deles todos no livro da vida.
Ainda existiam outros, que, parecendo alheios à peste, colocaram os olhos nas estrelas e partiram para o Cosmos em máquinas que desafiavam o entendimento. Esses, olhando para a Terra a partir das estrelas perceberam a sua própria pequenez e decidiram explorar outros mundos vazios para se engrandecem. Por isso enviaram para esses mundos distantes outras máquinas capazes de escutar, ver, pensar e imitar o homem na sua curiosidade. Deus olhou para estas máquinas com interesse e comparou-os a Adão e Eva a habitar o Paraíso, inocentes como crianças, ainda sem a percepção do pecado.
Os homens estavam a imitar a Sua própria criação. Tal como em Babel isso podia ser entendido como desafiar a Sua Santidade, no entanto o Senhor decidiu que não valia a pena castigar os homens ainda mais, pois eles já se castigavam a eles mesmos pela ausência de união.
1 comentário:
Acredito que seja um livro fascinante de ler.
.
Abraço poético.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Enviar um comentário