Nunca compreendi porque chamam "sonhos" aos nossos projectos, ideias, ou ambições. Sonhar é algo que pertence ao sono. Uma realidade abstracta que ocorre enquanto dormimos, sem relevância maior, destinada apenas ao esquecimento.
Dizem os entendidos que é o cérebro, com os seus mistérios, a reordenar os pensamentos. Nada de especial, portanto. Pelo contrário até, apenas um computador a desfragmentar toda a sua informação. Visto por este prisma nada existe de extraordinário em sonhar. Ainda que, tenho de admitir, seja algo que levante curiosidade pela sua excentricidade.
Mas voltando ao pensamento inicial, aplicar o termo "sonhar" para aquilo que desejamos, indica, só por si mesmo, algo não realizável.
Não! Eu não "sonho" dessa forma!
Prefiro expressões como fantasioso, imaginativo, inconformado, visionário, idealista!
Não! Não me perguntem qual é o meu "sonho"!
Eu sou daqui. Não estou a dormir. Estou acordado. Talvez até demais.
Estar acordado por vezes dói mas só assim consigo ver com precisão as linhas com que é tecido o mundo. A realidade crua em que a nossa forma se perde entre os chamados "sonhos por realizar".
Posso imaginar uma utopia, impossível do ponto de vista humano, contudo se a descrever numas quantas linhas esta passa a ter o estatuto de ideia. Depois, quem sabe, pode inspirar outros, com saber suficiente para a tornar realidade.
Seja como for, a fantasia que criei acordado, ganhou forma. Algo palpável para quem compreende a linguagem dos que pensam para lá da linha do horizonte.
A maior parte das pessoas, desses que têm "sonhos", são os mesmos que excluem gente como nós. Os que vivemos rodeados por arte e poesia. Nós, os que conhecem a realidade e sabem que ela não basta.
Tu, que estás aí desse lado, a ler estas palavras e identificas-te nelas como se fossem as tuas próprias, fica a saber que a tua condição não é única, muito menos isolada. És somente fruto do desprezo de quem não consegue ver mais do que os limites pelos quais são rodeados.
Não aceites os julgamentos nem conselhos dessa gente comum. Dizem que "sonham" e por isso acham-se diferentes. Não passam de cópias uns dos outros. Do nosso mundo não sabem nada e nós também não os queremos cá!
Deste lado da fantasia só as nossas verdades nos podem orientar!
Sem comentários:
Enviar um comentário