Olhei para o desenho que uma criança fez. Não compreendi ao certo de que se tratava, acho que era uma paisagem qualquer onde alguém vivia uma aventura. Sei apenas que fazia sentido na cabeça do miúdo e isso era suficiente. Na sua meninice fez dos lápis de cor a porta para o seu mundo e sem saber criou algo grandioso!
Não sei que personagens habitam a sua mente infantil, nem importa muito. São dele e isso basta. De qualquer maneira, ignorando por completo esse facto, tem na sua imaginação a maior riqueza que pode receber.
Daqui a pouco chegam os "grandes" a dizer que é preciso estudar coisas aborrecidas. "Os desenhos não servem para nada", dizem eles, na sua ignorância adulta. Esquecem que também eles já foram pequenos e o mundo parecia maior. Depois cresceram e assumiram que a pequenez da existência é a única verdade absoluta. Néscios!
Julgam-nos a nós, os de lado de cá. Que não nos conformamos com simplesmente ser, ou a encontrar conforto nas coisas da moda. Eles consomem a fantasia como um produto descartável. Na sua ignorância desvalorizam os criadores que ousam imaginar. Gozam-nos. Apontam-nos o dedo como se fossemos menores. Mal sabem eles do seu próprio ridículo!
Como podem eles saber quem somos? Se a criança que foram desapareceu com a carne que enruga.
Somos telepatas, empáticos, bruxas, cyberpunks, druidas, magos, esotéricos, curiosos, iluminados, batalhantes, poetas, artistas, hippies, naturistas, aventureiros, personagens à parte, seguidores dos velhos e novos costumes, mais tantos outros cujos rótulos impostos por essa gente são ostentados com orgulho. Todos unidos na fuga à banalidade!
Quem entender a importância da imaginação não se cinge à condição humana, limitada e sem o expoente que uma mente criativa pode alcançar.
É por isto que acho fundamental que exista gente com fantasia, capazes de transformar um simples pormenor numa história épica. Fazer da arte (seja ela qual for) a súmula apoteótica da existência! Gente que retira o peso enfadonho da realidade!
Como fico contente em conhecer gente assim. Aqueles que me mostram os mundos que não são, no entanto existem e neles podemos ser a criança que nunca cresceu!
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