terça-feira, novembro 26, 2019

Quando uma criança imagina


Quando o pensamento é jovem a sua força pode linear destinos, ainda que, de forma esboçada, ausente de pormenores. Isto porque a juventude é naturalmente desprovida de conhecimento sobre a vivência humana. O futuro pode assim ser traçado, porque um dia uma criança idealizou que assim seria. Como um argumento cru, resumido ao mínimo.
Julgo eu, que esta força, provém exactamente da ignorância infantil face àquilo que a fantasia pode alcançar e que esta seja, de facto, um propulsor para a vontade do Universo. Sem bases científicas que apoiem esta minha avaliação, não me ocorre outra denominação para o poder do pensamento, a não ser magia!
Sem me julgar mago, olho para a minha própria existência e comparo-a com aquilo que um dia a criança que fui imaginou. As aventuras, os amores e as conquistas. Retiro todos os cenários que servem de entulho e resumo-me a sentimentos. Num golpe de ironia eles estão lá, os mesmos que um dia desejei, ofertados pelas leis da vida.
Claro que, com toda a azáfama com que somos confrontados na nossa qualidade de seres humanos, tudo fica confuso. Torna-se inevitável questionar o que nos rodeia, seja material, regras impostas, ou vontades alheias. É fácil esquecer o que queremos, quando não existe a percepção de que, para sentir, há que percorrer um caminho que sirva de aprendizagem.
Há coisas que doem viver e a fantasia morre aos poucos na ambição dos adultos. Dei por mim a cumprir pena de amargura porque, na inocência da criança que fui, cometi o crime de um dia desejar o que não compreendia. Esta conclusão está repleta de ironia, contudo vou tentando encará-la de frente. Não como um herói, mas alguém que assimila as respostas depois de uma revelação.
No fundo, posso dizer que a magia se limita a duas coisas: pensar e sentir. Todo o resto são adornos impostos pela ilusão em que crescemos. Cingindo-me, assim, a esta mera reflexão ao fim da tarde, sem reconhecer qualquer autoridade nas minhas próprias palavras. Quem compreender, compreendeu. Quem discordar, discordou. Pouco mais há a dizer…

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