Algures num adormecer, olhei para dentro de mim e encarei o caos da minha insignificância humana. Mergulhei para dentro do transe em busca do infinito que há em mim, para alem do meu corpo, do meu íntimo, do meu tempo… Na direcção da essência do meu eu, em busca da fonte onde o próprio universo nasce, para além de qualquer conhecimento.
Nessa procura íntima, em que a minha mente seguia num voo imaterial que era um misto de sonho, profecia e imaginação etérea deixei-me perder algures entre a sonolência e o pensamento. Até que subitamente fui atingido por uma energia desconhecida que me fez despertar de forma instantânea. No entanto, ao voltar à realidade algo estava diferente: foi como se dois mundos coexistissem num só.Vi-os a convergir, como duas imagens que se sobrepõem, transformando-se apenas numa. A nossa existência em simbiose com outra, numa comunhão assustadora.
Edifícios de arquitectura estranha elevavam-se entre os nossos desafiando as leis da física. Seres de aspecto bizarro, no entanto belo, passeavam-se entre nós. Eram parecidos connosco, era como se a nossa raça tivesse evoluído em várias espécies diferentes e eles fossem o resultado.
Para aquelas gentes, a ciência era avançada e confundia-se com magia. Fiquei muitas vezes na dúvida se era uma coisa ou outra. Não era algo que parecia saído de um filme de ficção científica, mas de uma evolução natural que aquela civilização tinha sofrido.
Os seres olhavam-nos e conduziam a sua vida normalmente, cientes da nossa presença. Aparentemente sem se importarem, como se fizéssemos parte do seu dia-a-dia. Mas nós não os víamos, nem tínhamos consciência de que eles estavam lá. Circulávamos na ignorância de que todo aquele mundo nos rodeava, se fundia com o nosso e fazia parte do universo em que habitamos.
Veículos voadores circulavam os céus vindo e indo para destinos longínquos. Embora tudo ali parecesse próximo. Extremamente próximo! Os próprios planetas do sistema solar pareciam estar mesmo ali à beira, à distância de um esticar de braços. O espaço entre eles, apesar de enorme, tal como o conhecemos, era ao mesmo tempo curto sem que eu conseguisse explicar como.
Quase todos estavam inundados de vida. Habitados por criaturas maravilhosas que tinham tanto de magnifico como de assombroso. Existiam, também, mais planetas, todos em comunicação constante devido à proximidade que anulava as nossas leis da física.
Não tinha explicação lógica para a minha visão daquele mundo surreal paralelo com o nosso. Talvez o meu transe me tenha elevado para um estado alterado da mente, onde novos sentidos me permitiam ver o que um humano, na sua ingenuidade, não consegue;
Talvez aquela realidade, que se mistura com a nossa, fosse a mítica quarta dimensão, que os cientistas tanto almejam encontrar em complexas equações matemáticas e de que alguns místicos tanto falam nas suas palestras esotéricas;
Ou talvez, fosse tudo fruto da minha imaginação tomada pela insanidade!
Foi então que senti a energia a atingir-me novamente. Despertei de forma instantânea a meio de um momento banal. Perdi a noção de quando e como aquela imagem utópica aconteceu embora me sentisse totalmente dominado por ela.
Entretanto a visão foi desaparecendo lentamente, desfazendo-se em fragmentos que se vão perdendo na memória. Recordações que se dissipam como o nevoeiro na manhã acabando-se por perder entre o real e a fantasia.
Não sei se era sonho ou lembrança…
Sem comentários:
Enviar um comentário