"Para sempre. Aqui estou." O rapaz soltou estas palavras com a cara mais séria do mundo.
O pai, o mesmo que era suposto apoiar o filho, não conseguiu conter uma gargalhada barulhenta. O rosto ficou vermelho com tanto riso e as lágrimas começaram a cair em abundância, mais parecia um desenho animado. A certo momento atirou-se para o chão onde se começou a rebolar no meio daquelas gargalhadas surreais.
O filho só queria um conselho sobre quais as melhores palavras a dizer à rapariga por quem estava apaixonado. Supostamente o pai seria a melhor escolha para esta função, ou assim julgava ele. Mas ao ver aquela figura desconchavada a contorcer-se pelo chão como uma minhoca bailarina, ficou bem arrependido por lhe ter pedido ajuda. Nunca pensou vir a ser tão gozado pelo próprio pai!
Alertada por aquele chinfrim a mãe não tardou a aparecer para ver o que se passava. Ao deparar-se com aquela cena, questionou pasmada: “Mas que maluqueira é esta”!?
O filho com cara de amuado não respondeu. O pai tentava recuperar o fôlego do riso. Com algum esforço lá conseguiu sentar-se no chão. “O nosso filho gosta de uma rapariga. Estava a ensaiar comigo o que lhe ia dizer”. Fez uma pausa para ganhar mais ar. “Então disse que ia ficar com ela para sempre”!
A mãe também se riu. Contudo, na sua sensibilidade maternal lá se foi abraçar ao filho. “Estou tão feliz por ti. Estás a crescer tão rápido e numa idade tão bonita”. Apertou-o entre os seus braços protetores. “A primeira paixão é sempre memorável. Mas tenho de te avisar que na adolescência apaixonamo-nos ‘para sempre’ uma data de vezes”. Explicou, enquanto o pai acenava com a cabeça em concordância.
“Quantas vezes achas, quer eu, quer o teu pai, nos apaixonamos eternamente por outras pessoas, antes de ficarmos um com o outro”?
“Não faço ideia.” Murmurou o rapaz um pouco envergonhado com aquela conversa tão íntima com os pais.
A mãe continuou: “Muitas! É uma altura tão bonita da vida. Deves aproveitar ao máximo e dizer aquilo que sentes. Só assim se aprende a viver”!
Por esta altura o pai já se tinha levantado e não ria como um maluco. Também se foi abraçar ao filho. “Vai lá dizer à moça que estás com ela ‘para sempre’. Se a coisa não resultar nós estamos aqui para ti e ‘para sempre’, nunca duvides disso”.
Conto elaborado para um desafio de escrita do site: Laboratório de Escrita
2 comentários:
Amigo António, adorei o texto. Claro que se a menina não ficar os pais são para sempre.
Desejo-lhe um Feliz Natal com muita saúde e muito amor. Abraço com carinho
Publicação que muito gostei de ver e ler. O meu elogio. Quero deixar votos de um FELIZ E SANTO NATAL, extensivo à sua família e amigos
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Poema de Natal: “” Jesus, é a luz, o caminho “”
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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