Paixões platónicas!? Procura algures aí nas divisões perdidas do meu pensamento. Vai abrindo as gavetas da memória que deve andar por aí alguma perdida.
Sim, sim, ainda deve ter algumas com uma pequena chama a arder. E se não estiver acesa sopra um pouco que ela deve animar.
Entra, a casa é tua. Desculpa a desarrumação, mas tenho coisas mais importantes para fazer do que limpar a confusão na minha mente.
Podes espreitar à vontade onde quiseres. Tenho a certeza que deve andar por aí perdida alguma coisa de interessante. Sabes que não dou muita importância ao que já passou. Por isso deixo por aí espalhado em lugares esquecidos.
Se procurares com atenção, deves encontrar histórias que fogem bastante à noção de normalidade. Algumas até devem ser bastantes excitantes para os olhos de quem vem de fora. Mas cuidado! Não vá tropeçares por aí em algum segredo mais estranho. Sim, também tenho uns quantos e a alguns nem lhes dou importância.
Não tenho tempo para organizar a minha mente. Eu lá me vou encontrando no meio da desordem. Sabes que gosto de ser assim. Sempre que é preciso sou capaz de montar um novo eu com os pensamentos que por aí andam à deriva.
Não, não! Não preciso que me ajudes arrumar. Só a ideia de organização deixa-me incomodado.
Andam por aí sim, uns quantos montes de entulho, que são mesmo só sujidade. Desses não te aproximes, não têm nada que valha a pena a não ser mesmo lixo.
Mas sim, continua a procurar pelas minhas paixões. Pode ser que encontres algo que valha a pena recordar e quem sabe reviver.
Estas coisas espalhadas pelo esquecimento são estranhas. Por vezes reemergem com uma vitalidade quase abusiva. Não achas? Embora, quando aparecem novamente para entrar na nossa vida, já não são verdadeiramente as mesmas coisas. Claro que têm uma história que já conhecemos, um prelúdio para a sua nova entrada em cena. Contudo, as coisas mudam, em mim e nessas personagens que antigamente faziam parte de mim. Por isso serão sempre novidade.
Então já encontraste alguma coisa de interessante?
Não. Então deixa-te estar, que eu vou fazer outra coisa. Quando encontrares avisa-me. Também eu tenho curiosidade naquilo que está perdido na memória e já nem sei.
1 comentário:
Texto deslumbrante que me fascinou ler
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Cumprimentos fraternos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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