terça-feira, agosto 13, 2019

Deus, Paixão e Infinito


Gosto de acreditar que a criação do Universo se deva a uma paixão. Aquele por quem tomamos como a derradeira entidade divina, gerou um pensamento enamorado e, desse momento de felicidade absoluta, originou-se tudo aquilo que conhecemos por real.
E nós, feitos à Sua imagem e semelhança, nos sentimentos e desejos, herdamos igual capacidade de paixão e, com ela, a mesma capacidade de criação. Quando a chama da atracção se exalta, nasce um Universo próprio no nosso íntimo. Com as nossas regras, cores e magnificência.
Somos como Senhores dessa versão do existir, naquilo que chamamos sonhar. Ainda que, numa tentativa ridícula de comparação, aconteça numa dimensão mais pequena quando equiparado com tudo o resto. Não importa, não é por isso que deixa de ser igualmente magnifico.
Todos já amamos e, desse modo, também já recebemos em troca a amargura do sofrimento. Infelizmente há sempre uma dualidade na alma quando o sentir é profundo e por cada felicidade alcançada há sempre o outro extremo a espreitar. Seja como for, valeu a pena toda a génese só para que conheçamos o sabor da paixão.
Gosto desta ideia romântica de que Deus criou o infinito porque se apaixonou. Talvez como um adolescente que, coberto de ingenuidade, dá o seu primeiro beijo. Quando lábios jovens se encontram tudo se transforma em beleza e nada mais existe a não ser a fantasia.
Aquela ilusão poética que habita em mim acredita nessa quimera. Afinal de contas, algum propósito deve existir na criação e essa ideia conforta-me para lá de todos os dogmas: Ele, abismado pela grandiosidade do sentimento, concebeu-nos de forma a que, também nós, pudéssemos partilhar de igual forma o êxtase de amar!

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