Sei da tua companhia, oculta por detrás do silêncio do teu sorriso distante.
Reconheço um outro eu na tua forma, espelhada em cacos do viver. O pensamento deformado pelas cicatrizes do crescimento, amargo e agreste. Vergastadas implacáveis nas costas de quem sonha. A dor é constante na memória, mesmo quando adormecida.
Conheço a tua angústia, perfeitamente escudada pela muralha da tua aparência.
Há uma certa poesia erógena nas palavras (quando as há), trocadas como esperança, de quem se aconchega em estilhaços iguais. Sentenças de melancolia, que se traduzem em versos sem nexo porque a humanidade não basta.
Acaricio na inquietude a tua solidão, tão palpável quanto a pele.
Pouco se pode acrescentar quando duas existências se completam. Ou assim o julgam, tal a semelhança do seu fado. As vozes nada trazem de novo. Talvez os olhares se reconheçam nas cores berrantes do vazio. Só isso, o resto é aconchego.
Sem comentários:
Enviar um comentário