sexta-feira, novembro 02, 2018

A parte incerta do imaginar


O silêncio é profundo e o Universo entoa o seu cântico. O “nada” que sou agiganta-se numa imensidão de sentidos transcendentes. A profundidade da vida revela-se na sua essência mais pura, dentro do ventre do caos, onde as sombras e a luz se completam na mais absurda perfeição.
De mim, afinal, pouco sei, além da melancolia fria que deseja invadir-me o pensamento vadio. Quedo-me introspectivo no fim de tarde cinzento, entre as palavras levadas pelo Outono e as ideias sem cor que se passeiam pela mente. O mistério da existência revela-se sem que o possa compreender.
A Natureza assim se fez, ditada pelas regras do cosmos, em constante movimento infinito. Os ciclos repetem-se em saltos entre o dia e a noite; o calor e o gelo; a cor e a chuva. Assim também somos nós, seus filhos, integrantes em plenitude na coreografia das estrelas. O segredo está escondido na parte incerta do imaginar.
Algures deve existir uma voz; uma indicação; um sentido para quem se perde na imensidão do desconhecido da alma. Eremitas errantes por momentos esquecidos, como quem viaja por países estranhos, em desafio constante à noção de entendimento. Apenas tentativas frustradas de dar corpo ao enigma do ser…

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