quarta-feira, novembro 16, 2016

Eu e os outros

 

Esta noite estive desperto, a sonhar acordado sobre coisa nenhuma.
É impressionante como o vazio, por vezes, pode tomar conta da vida. Nem o sono, com o seu esquecer, parece escapar à tormenta desta inquietação.
Puxo o cobertor para cima, cubro-me com mais força, na esperança que o calor me traga algum conforto. Sei bem que nada acontece. Deixo então a minha mente divagar por entre uma réstia de pensamentos coerentes.
O prazer tem um limite, é o aborrecimento.
A dor tem um limite, é a apatia.
O vazio, esse sim, não conhece limites. Preenche-se a ele mesmo com mais vazio ainda. Absorve todos os extremos de todas as outras coisas e agiganta-se sempre mais em cada esperança de o fazer desaparecer.
Diz-me a lógica que não sou o único. Sei que existem outros a cair no desalento. Sei que não os posso conhecer ou chegar, mesmo assim, deixo um abraço calado entre o silêncio da noite, para todos aqueles que já tiveram um dia de solidão desesperante. Daquela verdadeira, absoluta, cortante, que faz doer a própria existência. Suprema mágoa quando a necessidade de ter um amigo é vital, porém, ninguém está lá, só o frio de nós próprios…
Os pensamentos vão e vêm ao ritmo da sua própria vontade. Deixo-os nessa liberdade enquanto aguardo que o sono chegue, ou que as horas passem (creio que devem estar a passar) e a luz da madrugada venha vencer o meu desassossego…

1 comentário:

Imprópriaparaconsumo disse...

O vazio tem o tamanho do infinito. Parece nunca ter fim e engole-nos a alma com tanta força...