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sábado, junho 18, 2016
A Arena
O falo ergueu-se decididamente, ostentando toda a sua virilidade! Não porque houvesse uma fêmea para copular, mas por pura demonstração de orgulho e masculinidade. Chamou a si, dessa forma, um pouco da origem animal que o homem tem.
Todas as mulheres que apreciavam aquele espectáculo, que supostamente seria apenas uma execução violenta e injusta para gáudio da assistência, não ficaram indiferentes àquela manifestação de audácia. Nesse instante algumas murmuravam entre sí, outras coravam, outras até, mostrando algum pudor junto dos maridos, afastavam o olhar. Ainda assim, não conseguiam esconder a curiosidade.
O juiz, tomado pela fúria contra aquele condenado que devia estar a implorar pela própria vida, quebrado pelo medo e a humilhação dos derradeiros momentos, ordenou que a arena se enchesse de guerreiros para que o sangue do maldito insolente fosse derramado.
Os gladiadores entraram em grupo. Eram eles, as suas espadas e armaduras, contra a nudez e coragem daquele homem.
Em poucos instantes rodearam-no. Confiantes na sua força e treino deixaram que o primeiro avançasse para iniciar o martírio. Mas a morte não iria acontecer com rapidez. Sabiam que a multidão queria um bom espectáculo, portanto cada um daria um golpe que esvaia aos poucos e dolorosamente a vida do pobre homem.
Aparentemente sem medo, o pénis mantinha-se erecto quando a primeira espada investiu. O movimento foi rápido. Quase imperceptível. O gladiador, que devia estar a festejar um golpe cobarde, estava agora no chão, sem vida. A espada, essa, com a sua lâmina afiada, estava agora na mão do condenado despido.
Houve um momento de silêncio incrédulo por toda a arena antes que acontecesse uma reacção. Vários guerreiros avançaram em simultâneo para vingar o colega. Um a um iam caindo vítimas da fúria do condenado. Parecia até fácil demais matar gladiadores para aquele homem despido. Todos se inanimaram a seus pés.
O impensável acontecera. A multidão começava agora a gritar pelo condenado em cânticos de incentivo. O juiz, tomado de uma raiva descontrolada, mandou avançar mais soldados que entraram em grande número.
O pénis recolhera ao isolamento da flacidez para não estorvar a percepção da mente atenta à batalha. Os gestos eram rápidos, frios, eficazes e implacáveis, sem qualquer tipo de erro. Saiam naturais para aquele combatente experiente. Quase inumanos aos olhos dos que assistiam. A morte, essa, vinha rápida e indolor para aqueles que caiam.
Não tardou até que não houvesse mais soldados, nem gladiadores, nem carrascos. Somente um homem nu em cima de uma pilha de cadáveres, munido apenas de uma espada, da sua pele e da sua coragem, ovacionado por uma multidão eufórica.
Já não estava mais sozinho, passara de condenado a herói. Queria agora justiça!
Olhou por entre a assistência eufórica e numa expressão que só aqueles que procuram a vingança podem compreender, usou a espada para apontar aquele que o condenara somente para satisfazer a sua fome de sadismo.
«Tu!» Exclamou!
A voz ecoou pela arena atiçando a multidão que em uníssono bradava: «Tu! Tu! Tu! Tu! Tu!» Repetia-se o grito cada vez mais forte para o juiz que provava agora o mesmo medo que gostava de impingir. Exigiam que o próximo fosse ele. Desonrado, sem soldados que o protegessem foi atirado para arena pelo povo em euforia.
Envolto em pavor ajoelhou-se e começou a chorar. Em palavras soltas entre soluços implorou pela vida à visão da silhueta despida do agora novo rei da arena.
Tal súplica não foi atendida.
Desta vez o golpe não veio rápido. Em passos lentos o homem aproximou-se do juiz. Segurou-o pelos cabelos esticando-lhe o pescoço. Ergueu a espada e saudou a multidão. Desceu depois a lâmina lentamente até à garganta do cobarde e sem qualquer tipo de pressa foi cortando a carne, certificando-se de que a agonia ia durar o mais possível.
O corpo caiu enfim. A tua tirania acabou ali depois da humilhação.
As palmas faziam-se ouvir por toda a arena. Era um ovacionar ensurdecedor pois tinha nascido um novo rei!
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