quinta-feira, dezembro 31, 2015

As paragens


Existe um certo prazer poético em observar os barcos que pintam a sua passagem na linha do horizonte, a cruzar o azul do mar na sua aparente lentidão ao olhar. Navios enormes, carregados de contentores, por sua vez cheios de mercadoria, coisas que se vendem e se compram nas nossas prateleiras.
Fazem com que me interrogue: Quem vai lá? Quem são essas pessoas que cruzam os oceanos nessas embarcações cheias de tralha? De onde vêm? Que lugares os acolheram? Para onde vão? Que paragens os esperam? Questões que acompanham essa viagem vagarosa (ainda que cheia de pressa).
Será que estes marinheiros sabem valorizar a sua jornada entre os vários cais do mundo? Ou concentram-se somente no peso do labor que os acompanha no dia-a-dia? Trabalho duro não foi feito para poetas. Suponho que as histórias destes personagens desconhecidos fiquem apenas na sua memória. Talvez um dia sejam partilhadas numa conversa qualquer…
Há uma certa inveja em mim pelos barcos que passam. Quem dera poder viajar como eles, entre o aqui e o ali, sem nunca ter pouso certo. Navegar as águas como um pássaro que voa os céus migrando de conto em conto, sendo personagem em várias peças, interpretando em múltiplos palcos a inquietude que existe em mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

No mar ou terra, um excelente ano para ti....

Red Angel