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terça-feira, maio 12, 2015
A modernidade
A viagem é curta embora para mim pareça longa. Não de uma forma entediante, pelo contrário. Perco-me entre as paisagens por onde vou passando. Deixo que a minha mente vagueie por esses locais. Questiono-me sobre as historias que elas escondem e sobre a beleza que contêm.
Reparo nas casas, não consigo evitar imaginar como serão os seus habitantes; gente humilde, almas trabalhadoras que se contentam com um viver simples, manchados aqui e acolá por pessoas que abraçam a arrogância de se acharem de melhor casta. Há-los em todo o lado. Esquecem que nascemos todos do mesmo pecado original.
Imagino atrás das portas as vidas das famílias. As alegrias e tristezas; as vitórias e derrotas; os amores e os dramas; nascimentos e solidão. Pequenos universos que se resumem aqueles lares e àqueles que os compõem. Só por si não têm importância para a história da comunidade, sem ninguém que os relate e muito menos que se importe. Vidas que acontecem. Somente isso.
Contemplo os cenários naturais. Verifico de forma quase rezada que por estes lados ainda é tudo tão puro, como se dedicasse uma oração à Mãe Natureza pedindo desculpa pela modernidade do automóvel. Sigo devagar para que a minha marcha não manche em demasia toda a calma que envolve estas terras.
Interrogo-me se já outros, tal como eu, tiveram os mesmos pensamentos de tranquilidade ao percorrer estes caminhos serenos. Provavelmente sim. Gente moderna tem sempre esta necessidade oculta por um pouco de sossego. Habituamo-nos ao barulho, às luzes, à pressão, no entanto continuamos a ser bichos na nossa essência. Animais sem grande ferocidade que apenas desejam viver em paz.
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