O Deus Menino nasceu pequenino, mesmo sendo maior do que o mundo. Encarnou na pobreza e foi deitado nas palhinhas. Dizem os padres ser uma mensagem de amor e humildade por parte do criador. Todos sabemos que a humanidade não compreendeu isto.
Igual a qualquer outra criança foi gerado para crescer exposto ao ódio, fome, peste e guerra. A sua imagem devia ser adorada com amor e devoção. Em vez disso, é usada como decoração em cenários de riqueza, onde abundância só chega a alguns.
A criança divina, rei de todos os povos, foi coroada ainda bebé com uma coroa de espinhos.
De repente já é um homem. Vê luzes brilhantes e escuta canções alegres, parecem ocultar a dor de quem grita calado nos lugares longínquos.
É proibido falar de sofrimento como se este fosse uma coisa real. Serve para alimentar as notícias, para quem tem fome de tragédia poder lamentar como se isso aliviasse a consciência. Dá-se uma esmola aqui e ali para afastar a culpa, não vá ela pesar na mesa farta da noite de consoada.
Desigualdade, injustiça e crueldade. Ganância e egoísmo, disfarçados de generosidade. Celebravam o seu nascimento com festas extravagantes e presentes caros, enquanto os invisíveis olham cá fora pela janela, ao frio, com a inveja própria de quem só lhe resta o sonho.
Nós sabemos e continuamos.
E o Deus Menino chora porque o Natal é tristeza.
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