domingo, maio 14, 2023

Um encontro ao qual possa chamar Paz


Se estiver por aí uma Divindade benevolente a escutar-me, rogo-lhe que me envie uma figura Salvadora!

No meio do tumulto deste mundo caótico, olho em volta à procura de uma centelha de esperança. A minha jornada é solitária. Os meus caminhos são tortuosos. Estradas obscuras, com sombras a dançar à minha volta. Cada rumo que encontro tem como destino a desilusão.

Nasci pária. Desprezado pelos meus supostos iguais. Colocado à parte. Repreendido por existir. Malfadado por ter a curiosidade dos Poetas, privado de autorização para poder rimar como devia. Sem saber mais nada de mim, pergunto-me se o propósito da minha criação tenha sido só esse?

As minhas preces rasgam o silêncio da noite. Fazem um eco gutural nas divisões vazias da minha inquietação. Procuro no infinito uma resposta divina capaz de apoiar o meu desamparo. Tento acreditar na existência de um ser celestial. Uma entidade clemente a zelar por quem está perdido nas encruzilhadas da realidade.

Imploro por uma mão condutora. Algo ou alguém conhecedor deste mapa bizarro chamado viver. Anseio por um pouco de compaixão. Palavras, como melodias alegres. Braços estendidos como refúgio deste desalento crescente. Um encontro ao qual possa chamar Paz.

O meu desejo teima em encontrar essa personagem magnânima, envolta numa aura de benevolência, capaz de restaurar a minha fé. Seja com a ternura de uma mãe a embalar o filho nos braços; com a sabedoria de um mestre; com a força de um herói a lutar por Justiça. Tanto faz!

Seja qual for a sua forma, traga salvação. Talvez um amigo fiel sem medo das adversidades. Ou, quem sabe, um amor verdadeiro com a capacidade de me fazer acreditar ser mesmo possível existir felicidade. Até pode ser um néscio, dotado de ignorância, mas, sabe-se lá como, capaz de se orientar no labirinto da dor. Venha quem vier!

Teimo em manter a esperança nesta suplica. Acreditar que o destino ainda tem algo valioso reservado para mim. Espero o momento, quando, por ventura, essa tal figura salvadora vier ao meu encontro. Mesmo, sendo uma ilusão como tantas outras. Aguardo, poder descobrir nela, quem sabe, alguma serenidade.


2 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

A esperança é sempre a última a morfrer.
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Feliz dia da Mãe para os Países onde hoje, tão bonita data, se comemora.
( Brasil, Alemanha, entre outros )
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Manuela C. disse...

Um dia questionei-me se poderia ser feliz vivendo uma mentira, como tanta gente (aparentemente) consegue. Não! Decididamente, não!Viver uma mentira/ilusão, só tem um único objectivo: a desilusão.E eu não quero mais essa dor... embora continue a cair nessa armadilha, de vez em quando. Além do mais, não consigo fazer batota comigo própria! E além do mais e do mais também, a felicidade não é um estado! Três meia volta surgem momentos de felicidade! É curti-los, que são efémeros.