Línguas, flexíveis como tentáculos, em busca do sabor húmido da boca, do sexo, para dançarem na viscosidade.
Lábios que percorrem a pele e brincam como crianças onde o corpo em tumulto chama por eles.
Dentes que mordem porque querem matar a fome e desafiar a dor.
Gemidos que saltam sem ordem, na liberdade que o prazer ordena.
As mãos despem o corpo porque a vontade assim o pede. Sentem as curvas desenhadas nos músculos, as imperfeições talhadas pelo viver, o tempo que se quer intenso. Seguram com força o prémio do desejo.
Os olhos observam a anatomia humana como arte. Seguem nela o mapa erógeno, porque conhecem o destino sempre diferente a cada chegada.
Depois, há a guerra. Os membros que lutam para manter o seu domínio até à entrega final de quem se rende na vitória.
Os movimentos conhecem bem a sua função, automática, sem qualquer comando consciente. Acontecem, quase sem lógica, porque é assim que deve ser. Cru. Bruto. Sem pudor.
O combate intensifica-se até que todos desistam para comemorar o triunfo.
A derrota não conhece o seu nome aqui, neste lugar, onde a força se manifesta até à explosão dos sentidos de quem se anula.
Não há um fim verdadeiro. Recomeça logo após, ou então mais tarde, mas recomeça sempre. Batalhas gloriosas onde os heróis não pertencem a nenhum exército, nem obedecem a nenhum general. Eles e elas, são as próprias armas e o campo do conflito.
Por fim, o descanso faz algum sentido. A serenidade não precisa de dizer nada para acontecer. O acto consumado. O desejo saciado. Os corpos calados unidos por toques frágeis. A alma engrandecida pela essência de ser gente renovada.
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