As paredes claustrofóbicas, sempre iguais, na mesma cor, no mesmo tamanho, nas mesmas janelas com o cenário imutável, impelem-me para o exterior. O sol brilha, porém, a sua cor não é suficiente para me aquecer com alegria.
Percorro as ruas vazias de gente e de ânimo. O vento outonal parece manifestar fisicamente a solidão que me atormenta. As árvores teimam ainda em não se despir nem pintar as suas folhas com os tons quentes da estação. Também elas querem combater o calendário e manter a ilusão do verão na sua aparência.
O calor parece amenizar qualquer tipo de desalento que possa tentar domar o espírito. A existência carente procura algo que a aqueça, seja no clima, no amor, na arte, ou na beleza, ou em tantas outras artimanhas que o ser humano encontra para dar algum sentido à sua vivência.
A fantasia talvez me alegre se mais nada me cativar. Sei que lá, encontro sempre um refúgio onde a realidade não me alcança com as suas agruras. A criança existe novamente com a sua imaginação como companheira. Voltam as brincadeiras da meninice e os ralhetes dos adultos pouco importam. Quem manda agora sou eu "o grande". Soberano de toda a diversão mesmo que ela não exista.
A ânsia de não sei quê pede-me um escape para não sei onde. Os outros tornaram-se um lugar longínquo. Abandonaram-me sem amor, causas, ou conformidade. Eu também não os procurei, entendi isso como um alívio ao fardo de ser gente. Contudo, atormenta-me saber que também sou como eles. Criatura embrenhada no sentir.
Toda a poesia que possa escrever não me afasta da herança que recebi da história deles como sociedade e inquieta-me saber que assim devo continuar. Indicam-me sem questionar as regras que devo seguir. É isso, ou o desassossego. Não há meio termo.
Escolhi, portanto, questionar: quem sou? Tal como todos os significados deste mundo. Mesmo em constante tumulto decidi acreditar em mim mesmo e consumir todos os sentimentos. A curiosidade não me deixa sossegar. Desejo o que está longe e só assim me compreendo. Pouco mais importa…
3 comentários:
Já sabes o que penso sobre a tua forma de escrever, e quanto ao sentir,bem... também sinto a solidão mas abraço-a como o não faço a nenhum humano e ela esmaga-me. Tens razão, é culpa dos dias soalheiros que estão a despedir-se, vamos fingir que sim.
Credo che a volte sia necessario allontanarsi da tutto, ci aiuta a prendere coscienza del nostro "io più autentico", soprattutto in una società, come quella di oggi così difficile. Sono arrivata per caso sulla tua pagina, leggendo mi sono ritrovata molto nelle tue parole, quel sentirsi distante da tutto e da tutti.
È vero. La società delude e possiamo incontrarci solo da lontano. È curioso ricevere la visualizzazione da qualcuno che è madrelingua di un'altra lingua. Benvenuto :)
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