segunda-feira, fevereiro 08, 2016

O astronauta


Desde criança que abandonei o sonho de ser astronauta. Viajar de foguetão parece-me um tanto ou quanto perigoso. Troquei as estrelas pela poesia. Deixei a ficção científica nos livros e nos filmes e tracei outros rumos. Os sonhos têm um poder estranho de se transformar!
Descobri que em cada ser existe um mundo. Isso perfaz incontáveis universos escondidos atrás de cada olhar. Gosto particularmente dos sonhadores e sofredores. Curiosamente o sonho e o sofrimento andam muitas vezes de mão dada. Já reparaste?
Por isso construí uma nave feita de fantasia e parti à descoberta daquilo que se esconde no mais íntimo. Deixei-me ir à velocidade do encanto. Fui encontrando lugares cheios de sedução com tantas histórias para contar e aventuras para viver. E partilhei desse tesouro!
Em cada porto onde ancorei a minha nave sem velas nem motores encontrei tantas maravilhas que nem toda a poesia as pode descrever. Ainda assim tentei. Palavras e versos, ou simplesmente prosa solta. A caneta cantou as minhas jornadas como esta que lês!
Tornei-me num pirata de sentimentos. Mesmo que o meu saque se resumisse a meros momentos de atracção. Nunca roubei o que não me pertencia. Observei, provoquei, apaixonei-me às vezes… Sem roubar jamais o devaneio alheio. Essa riqueza não é minha!
Mergulhei no imenso cosmos que habita atrás de olhos brilhantes. Assim como os teus! Mapeei as constelações do teu sonhar e fiz-me astronauta da tua alma. Adormeci os teus medos e fiz surgir sorrisos no teu rosto como estrelas que nascem do caos!
Não há noite nem dia no teu universo. Sendo assim pernoito em ti sem tempo. Percorro distâncias extravagantes, sem nunca sair do lugar, nessa velocidade sem extremos que é o teu devaneio. É como pairar no infinito. Esse mesmo que existe em ti!
Voamos sem asas. Sabes que não fazem falta e pouco importa se essa metáfora já está muito usada pois voamos de qualquer forma. Juntos, unidos, de mãos dadas, esquecidos pela vida que continua lá fora. Somos apenas nós, aqui nos imensos céus do nosso sentir…

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