sexta-feira, abril 17, 2015

A ti que não tens nome


Gosto de ti! Sim eu sei que não conheço o teu nome, nem os traços do teu rosto, nem a silhueta do teu corpo ou qualquer tipo de aparência e muito menos as cores que pintam o teu espírito ou os sonhos que o habitam.
Sinceramente pouco me importam pormenores! Interessa-me somente o acto de gostar, sem grande poesia ou romantismo, livre de ser adjectivado como “eterno”. Aliás, o fascínio está em engrandecer esse mero “amar”, reduzindo-o a um momento efémero, praticamente imperceptível que acaba por se perder no esquecimento entre os detalhes do dia-a-dia.
É como um silêncio repentino, que surge no meio da algazarra que te rodeia, durando somente uns insignificantes milésimos de segundo, contudo, suficientes para te dar um instante de alívio, ou mesmo prazer, enquanto te faz a mente escapar para outras ideias.
Uma voz singela e calada, quase nascida na imaginação, que te sussurra encantamentos libidinosos ao ouvido e te faz arrepiar a espinha e humedecer o sexo. Um toque invisível que faz vibrar toda a tua feminilidade fazendo dançar a tua imaginação por entre histórias de encantar: "E se..."
Amo-te assim, de uma forma tão breve quanto uma mera troca de olhares; ou alguém que passa na rua cativando a curiosidade momentaneamente para nunca mais ser visto; ou uma voz que te chama a atenção entre as demais para nunca mais ser escutada; ou até mesmo a silhueta de um corpo que te surge pelo canto do olho, embora logo desapareça entre a multidão.
Um amar tão básico como estes encontros que em segundos te fazem imaginar uma vida, ou somente uma tentação sensual que encontra guarida no pensamento, onde Deus não está a ouvir e onde afinal não é pecado. Um cruzar de vidas tão intenso como passageiro que logo a seguir já não faz parte das tuas recordações.

Nota: dedicado a todas as mulheres que já foram desejadas e desejaram em momentos de segredo já esquecidos

1 comentário:

Imprópriaparaconsumo disse...

E de repente lembrei me da crueldade generosa do desejo.
:)