Sonhei que me via num espelho, mas a figura que olhava de volta para mim estava assustada. Era um rosto enrugado, tomado pela calvície e por pinceladas grisalhas no cabelo que restava. Tinha medo! Não sabia para onde tinha fugido a juventude.
Aquele reflexo interrogava-me com o seu olhar trémulo como se implorasse que lhe fosse devolvido o vigor de outrora.
Acordei. Fiquei contente que tudo não passasse de um sonho. Que a aparência daquela imagem não fosse verdade. Ser apenas uma ilusão projectada pelo meu sono, que num momento de escárnio, decidiu fazer-me acreditar na velhice.
A minha pele jovem mantinha-se, o cabelo cheio de brilho abundava, a beleza dizia para não me preocupar. Mas eu sabia que era mentira. O tempo é breve e não perdoa. Hoje gozo a perfeição, amanhã vou perder mais uma gota dessa essência, por aí em diante, até que chegue o dia em que o meu oceano se transforme num mero riacho e o meu reflexo seja igual ao daquele sonho.
Sinto apenas medo, não daquele que assusta, mas daquele que é inevitável.
Agora espero e no entretanto vou tentando ignorar o futuro…
2 comentários:
O tempo começa a descontar logo à nascença.
Há que deixar as marcas acontecerem no corpo naturalmente e sem dramas, e nos entretantos ir tirando proveito do tempo...
Então a juventude está no nosso âmago e a idade são meros números, hein?
Conta-me histórias...
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