Fascina-me ver-te sair cá para fora e enfrentar o mundo.
Quando acordas quebrada e num acto de coragem abandonas o refúgio que o adormecer te dá. Abres os olhos com o coração num pranto e deixas que a tua face sorridente esconda o choro que habita o teu peito.
Perdida, sozinha, ocultas o teu íntimo dos rostos mundanos prontos a julgar-te porque não te conhecem. Encaras essa multidão vazia como uma actriz que veste uma personagem e sobe ao palco para um papel secundário. Sabes que aquela peça não é a tua por isso procuras uma onde sejas a protagonista.
Não sabes onde está mas sabes que ela existe: A tua peça. O teu palco. O teu papel. A tua história!
Assim passa o teu dia, entre o sol que se levanta e os ponteiros que correm. Em busca do teu lugar, fintando gente supérflua e as armadilhas da vida. Ansiosa por chegares a um porto de abrigo, seja ele qual for…
Eis que a noite chega, por fim. Despes a tua pele de menina e deixas que a dor cubra a tua alma nua de mulher.
Chamas a sonolência, narcótica ou verdadeira (por vezes é difícil de distinguir). Sabes apenas que é a tua fiel companheira por incontáveis viagens entre insónias e encontros com fantasmas vindos dum canto sombrio do pensamento.
A realidade assusta-te!
Encanta-me essa tua luta calada, solitária, triste… A melancolia escondida atrás dessa alegria constrangida que faz de ti prisioneira da tua própria existência.
Cativa-me essa tua mágoa… Mas nem tudo é mau! Sei que um dia te vais encontrar e ficar livre. Acredito nisso com tudo o que sou!
Por isso, menina sonolenta, hoje à noite, se verteres algumas lágrimas, lembra-te de guardar uns sorrisos para mim…
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