- Estou a caminho do fundo... -
Sussurro-te ao ouvido num tom de sedução, enquanto te acaricio o
rosto.
Podes-me dizer que posso sair desta
queda. Que há alegria no mundo. Que há esperança!
Eu sei bem disso. Não gastes as tuas
palavras... Há também desejo!
Sabes, não sou um feiticeiro, nem
anjo, nem demónio, nem qualquer outra personagem romântica como as
que aparecem nos livros. E muito menos um deus. Sou humano, filho da
realidade, tal como tu. O nosso mundo é este, a nossa dor é esta. É
assim a nossa vida, uma fuga constante à dor. Seja ela qual for.
Já sei dessa verdade há muito tempo e
como nada posso fazer aceito o meu destino. É aqui que entra a tua
esperança. Sim, porque cair ao fundo não significa desistir. Caio
porque ouso viver!
E nesta queda lenta, quero trazer-te
comigo. Deixar que nos entreguemos nos braços do desejo, para que,
numa ilusão talvez, nos mostre novos mundos. Entre beijos sonhadores
e gemidos de prazer está muito por descobrir. É aqui que te quero.
Numa aparente queda vertiginosa que nos leva a viver.
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