sábado, dezembro 08, 2007

ACARICIO...


Baralho as cartas pensando em ti
Sei que estás triste porque o mundo te venceu
Quero conhecer a teu desânimo
No silencio inquietante do meu afastamento

Deixo que as cartas me falem de ti
Contam-me que as tuas lágrimas já não caem
Que a tua dor deu lugar à apatia
Quebrando as forças nos teus braços lutadores

Em cada carta vidente que tiro
Vejo que lutas para continuar na solidão
Parece que tens medo do mundo
Por isso lutas contra ele ignorando a paixão

Carta a carta conheço os teus segredos
A muralha intransponível em redor do teu coração
Lamento a fraqueza da minha vontade
Por isso baixo o meu olhar de vergonha

Acaricio estas cartas como se fossem o teu rosto
Na minha boca sinto o sal do teu chorar calado
No meu desejo fica a ânsia de um abraço
No meu pensamento o vazio de te não ter…





Deep Purple - Child In Time

6 comentários:

PEQUENINA disse...

Quando queremos alguém próximo de nós, alguém que amamos muito, queremos que essa pessoa esteja bem e protegida...
Queremo-la tanto que mesmo à distância ansiamos protegê-la, abraçá-la, e se calhar virar as costas ao mundo, para que nos "vinguemos" de certa forma, do mundo que venceu essa pessoa... No fundo essa pode ser uma forma de nos reconciliarmos connosco mesmos... Conhecendo o segredo da pessoa que amamos, vamos conhecendo os nossos...
E se eu bem te entendo: "No meu desejo fica a ânsia de um abraço,
No meu pensamento o vazio de te não ter..." - Como posso não compreender se penso exactamente assim - quantas vezes te queria mais perto, e penso nisso, e assim, a ansiedade de te abraçar vai aumentando...

Anónimo disse...

este poema esta muito fixe.
tens muito talento

Anónimo disse...

Sinto-me "acariciada"... está muito bem escrito! beijo

Anónimo disse...

Este coment demorou bastante até ser escrito,por isso peço desculpa.Bem neste poema constato a tua parte esotérica pois recorres a cartas para conhecer melhor a rapariga de quem gostas mas a quem não possuis.Essa rapariga parece-me estar melancólica e descontente com o rumo que a sua vida tomou e tornou-se apática pois desistiu de tentar compreender o mundo em que vive e optou pela solidão negando a paixão.Tu por sua vez envergonhas-te por gostar assim tanto dela e por não conseguires ter a força suficiente para negar a paixão que nutres por ela.Conheces os segredos dela pois as cartas assim te revelam mas não consegues possui-la pois ela tem em redor de si uma muralha intransponível.Tu gostas demasiado dela de tal modo que a vislumbras por entre os objectos que revelam algo dela(as cartas),sentes as lágrimas que ela chora como se fossem as tuas pois partilhas o seu sofrimento.Anseias imenso o contacto físico com ela e não te sai da cabeça aquele vazio por não a poderes ter,por ela não ser tua...Parece-me muito um amor algo platónico muito distinto do amor carnal que costumas apresentar nos teus poemas.Mas é definitivamente um amor que gostavas de ver materializado quanto mais não seja através de um abraço terno e sentido.E é assim que interpreto este poema.Beijos pa ti gatito branco miauuu
Paula

Anónimo disse...

No mundo que vivemos temos que buscar forças para sobreviver lutando sempre mesmo pensando que suas batalhas estão perdidas, mas buscando a força do universo e da natureza surgiremos das cinzas com mais sabedoria e amor p/ distribuir ao proximo não se importando com as suas diferenças e o seu modo de viver.
Abraços Nelson

Anónimo disse...
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