sábado, maio 25, 2019

As distracções


Hoje, olhei para o mundo e senti uma profunda desilusão. Todas as doutrinas são mentiras. Todos os moralismos são falsos. Todos os ideais momentâneos. Apenas distracções para ocupar a mente quando esta não está focada nas tarefas da carne. Somente uma abstracção do fardo de existir.
Não existe um sentido para isto tudo. Só uma ocupação desconhecida ao nosso saber. Possivelmente o sentido seja mesmo esse, o de procurar dar sentido àquilo que não o tem. Portanto, talvez a existência tenha algum sentido até, porque, afinal de contas, quem somos nós se não forem os nossos sonhos, ou a nossa arte? Bichos, como os outros que andam aí, no meio do mato.
Os sentimentos fazem de mim aquilo que sou (ou o que desejo ser). Os sentidos, esses, têm tanto de prisão, como de liberdade. Creio que os segredos mais profundos estão vedados à perspectiva humana e pouco mais há a acrescentar. No fundo, apenas a ilusão importa e está tudo bem assim. Não adianta meditar sobre aquilo que não nos cabe controlar, nem sobre a criação que nos engendrou.
Somos nós em oposição a uma divindade extraordinária, para quem não passamos de algo ridículo. Assim sendo, quando falta a capacidade de aceitar a minha própria ridicularidade, nada me resta a não ser a decepção. Pelo menos enquanto não encontro outra distracção. Talvez algo a que eu possa chamar amor… ou ódio…

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